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O que é o Ubuntu Cinnamon e qual o seu propósito?

Hoje a gente vai falar sobre o Ubuntu Cinnamon, que passou a ser uma das flavors oficiais do Ubuntu, muitos membros do canal pediram para falarmos sobre o assunto e sobre essa estratégia da Canonical de aceitar novas flavours. Nós achamos que os diretores da empresa podem estar pensando em algo para o futuro do Ubuntu, mas não sabemos se isso vai realmente se concretizar.

Duas distros se tornaram oficiais no lançamento do Ubuntu 23.04, o Ubuntu Unity e o Ubuntu Cinnamon, curiosamente, ambos os criadores e principais líderes dos projetos são adolescentes de mais ou menos 15 anos.

No blog post oficial do Ubuntu Cinnamon, onde é anunciado que o projeto se tornou uma flavour oficial, o criador do projeto, Joshua Peisach, menciona que começou a trabalhar na ideia em 2019, quando tinha 11 anos, incrível né!?

A primeira versão oficial do Ubuntu Cinnamon, que abandonou o nome de Ubuntu Cinnamon Remix, ao passar a ser uma flavor oficial do Ubuntu, é a 23.04. Um ótimo momento para entrar como flavor, já que se fosse uma LTS, o trabalho de controle de qualidade seria bem maior e o projeto poderia demorar mais para decolar.

Baixamos a versão 23.03 do Ubuntu Cinnamon para conferir e claro, responder à pergunta que certamente as pessoas vão se fazer, é melhor que o Linux Mint? Bom, antes da gente conversar sobre isso e sobre as intenções da Canonical, vamos ver como é o sistema atualmente.

O que achamos do Ubuntu Cinnamon?

Começando pela instalação, ele ainda não está usando o novo instalador do Ubuntu feito em flutter, mas isso não necessariamente é um problema, o próprio desenvolvedor do Ubuntu Cinnamon mencionou que é esperado que isso seja modificado no futuro.

Atualmente o instalador é o tradicional Ubiquity, sem o tema do Ubuntu, ou seja, está sem aquele polimento que seria plausível de se esperar, mas como o instalador deve mudar de toda forma, não se justificaria fazer todo o trabalho.

Chegando ao desktop, temos um visual que me levou direto para época do Ubuntu marrom, lá de 2008, na época do GNOME 2, nostálgico, mas não muito belo. Apesar desse estilo retrô, encontramos os ícones e temas GTK YARU, padrão do Ubuntu, se formos até as configurações do sistema, na sessão de temas, tem várias outras cores também, então dá para mudar a interface com facilidade.

A usabilidade é a mesma do Linux Mint em contexto geral, afinal o Cinnamon é o mesmo, mas as semelhanças param por aqui. A coleção de softwares que vem por padrão é consideravelmente diferente da do Linux Mint, em alguns casos são simplesmente alternativas para a mesma solução, em outros, parece um declínio em relação a experiência do Linux Mint.

Ao navegar pelo menu, percebemos que não há nada em excesso; temos muito mais aplicativos GNOME do que no Linux Mint, é quase como se você tivesse instalado o Cinnamon por cima do Ubuntu normal, e ficasse com os mesmos programas. Tem dois aplicativos extras na instalação que eu percebi: o GIMP e um tal de zutty, um emulador de terminal diferente, que é uma duplicata, já que o sistema também tem o GNOME Terminal por padrão.

Outro software mais ou menos diferente é o atualizador de programas, que apesar de visualmente se parecer com o do Ubuntu, está muito mais ligado ao Synaptic do que o que a Canonical utiliza, talvez isso explique que o fato do Synaptic vir pré-instalado. Pode ser que isso mude agora que o Ubuntu Cinnamon está virando um flavor oficial.

Se você for comparar com o Mint, vários desses apps seriam diferentes, o Mint tem os chamado XApps, que são usados no Cinnamon, no XFCE e do MATE, criados originalmente como forks do Gedit, do gThumb, entre outros, justamente para se desvincular do GNOME e ter um desenvolvimento independente, garantindo que eles funcionem bem em qualquer interface GTK.

Essa mesma preocupação não existe no Ubuntu Cinnamon, não que seja um problema, é só uma forma diferente de observar a mesma questão. Outro aspecto que o Mint se destaca para melhor, é o gestor de atualizações do sistema, que é um dos melhores entre todos os sistemas operacionais, não só no mundo Linux, ainda mais agora que ele tem suporte a Flatpak também, com suporte a snapshots e backups, isso não existe no Ubuntu Cinnamon.

No Ubuntu Cinnamon temos também a loja de apps do GNOME, que apesar de estar abastecida com Snaps, como era de se esperar, ela em si não é um pacote Snap, como ocorre no Ubuntu tradicional.

Falando em Snaps, eles estão presentes, com suporte pré-instalado e alguns programas neste formato como o Firefox, navegador que vem instalado por padrão no sistema.

O Mint, em contrapartida tem uma loja de apps própria, que não é muito melhor que a do GNOME, o ponto forte dela para o Mint é ela não ser a GNOME Software, e estar sob o controle deles. Temos vários outros paralelos entre o Mint e o Ubuntu Cinnamon, mas a realidade é que não há comparação.

O Cinnamon é feito pelo Linux Mint, apesar de ser um projeto código aberto, portanto, aberto para colaborações, é de se esperar que os desenvolvedores do Mint tenham mais controle sobre o que vai ser feito e a experiência de uso, o famoso “pegar o usuário pela mão”, desde a tela de boas-vindas, até os recursos serem implementados, é muito superior no Mint.

Como o Cinnamon agora faz parte do repositório oficial e ele vem do Debian, para o Ubuntu, para ser montado no Ubuntu Cinnamon, é de se esperar que, enquanto usuários do Mint recebem atualizações imediatas, os do do Ubuntu Cinnamon devem eventualmente ficar mais atrás nesses lançamentos, muitas vezes precisando aguardar uma nova versão do sistema para receber a atualização.

Não conseguimos pensar em uma coisa que o Ubuntu Cinnamon faça, que pudéssemos dizer: “isso é bem melhor do que no Linux Mint”, se você conseguiu perceber alguma, conte aqui nos comentários.

O que nos leva a questão, o que a Canonical ganha adicionando projetos criados por adolescentes no tempo vago da escola, ao portfólio oficial do Ubuntu?

Qual o propósito do Ubuntu Cinnamon?

Na nossa opinião, é quase que um investimento futuro. Esses jovens são definitivamente prodígios da programação, isso não quer dizer que eles já sejam ótimos programadores, apesar de tudo indicar que no futuro eles serão.

A adição do Ubuntu Unity e do Ubuntu Cinnamon como flavors oficiais não aumenta o valor do Ubuntu como plataforma para o mercado, possivelmente somente algumas milhares de pessoas vão usar esses sistemas, dezenas de milhares se muito, mas mesmo que sejam um pequeno grupo, essa pequena ação tem repercussões sociais e mercadológicas positivas.

Você vai poder dizer que o Ubuntu tem “todas as interfaces”, apesar de não ser realmente todas, mesmo que claramente a qualidade e o polimentos desses sistemas ainda deixe a desejar. Ainda assim, é possível trabalhar esses elementos no marketing.

Isso também indica que a Canonical ouve a comunidade, ainda faz parcerias com pequenos desenvolvedores e ajuda no desenvolvimento, o que não deixa de ser verdade e é mais boa publicidade para eles.

Ademais, principalmente, isso mantém jovens prodígios junto ao Ubuntu, que se fizerem parte da comunidade e estiverem próximos da empresa, poderão fazer parte do time principal em algum momento, o que não garante, mas estimula que mais jovens sigam o mesmo caminho.

É quase como ocorre no futebol com as categorias de base, muito melhor e mais barato se você puder formar os seus próprios jogadores em casa, com eles jogando no time B, no juvenil, até estarem prontos para o time principal. Enquanto isso você faz o acompanhamento e treina essas pessoas para atingirem todo o seu potencial.

Então, não importa se o Ubuntu Unity e o Ubuntu Cinnamon não são grandes projetos ainda, porque mesmo que eles não se tornem algo maior no futuro, já ajudarão a ter dado frutos para a comunidade no entorno do Ubuntu, afinal, uma comunidade saudável é feita de pessoas diferenciadas assim.

O Ubuntu não é a única distro que faz isso, as Spins do Fedora têm exatamente a mesma abordagem, ou você acha que em número, existem muitos usuários do SOAS desktop? Não tem, mas com ele fazendo parte das spins oficiais, possibilita dizer que o Fedora tem uma versão focada em educação infantil, isso é um bom marketing, e é melhor ainda, porque é verdade, a versão existe.

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