Instalamos o Linux no MacBook Air M1!
Hoje a gente vai fazer uma daquelas coisas que deixa fanboy indignado, instalaremos o Linux no MacBook Air M1! O lançamento de novos hardwares da Apple com chips ARM M1 despertou não só muita curiosidade, também criou expectativa para ver mais computadores com processadores dessa arquitetura no mercado.
O Linux tem suporte a ARM há muito tempo, mas nada é fácil com a Apple, o chip deles é único de diversas formas, foi necessário mais de dois anos de engenharia reversa para chegar onde estamos, que ainda não é o ideal, mas está se aproximando.
Tudo o que você precisa saber antes de instalar o Linux no MacBook Air M1
Um MacBook air com chip M1 é bem diferente de um laptop tradicional com processador Intel ou AMD e uma GPU tradicional, ele é muito mais parecido com um Smartphone na verdade. Não só o processador tem outra arquitetura, como tecnicamente o chip é um SoC, isso quer dizer que a memória RAM, GPU, Armazenamento, além do CPU, estão contidos em um mesmo chip.
Isso permite uma maior velocidade na comunicação entre os componentes, baixo consumo de energia e menor aquecimento dos componentes, ao ponto de nem precisar de uma ventoinha para jogar ar para fora. Para que um sistema operacional consiga tirar proveito de tudo isso, são necessários drivers, ou módulos, no caso do Linux, tudo sem saber as especificações do hardware de forma direta, já que a Apple esconde essas informações, sendo assim, o projeto Asahi Linux foi iniciado para criar essa compatibilidade, fazendo engenharia reversa no hardware da Apple.
Mas, um computador não é composto apenas desses componentes mais essenciais, ele também tem Bluetooth, Wi-Fi, uma tela de alta resolução, placa de som, touchpad, teclado, entre outros, para uma boa experiência do usuário, tudo isso precisa funcionar.
Requisitos para o Asahi Linux
O Asahi Linux é uma distro derivada do Arch Linux, cujo único objetivo é rodar nos hardwares da Apple. Ele está disponível em um modo mínimo, sem interface, além existe o modo desktop, que usa o KDE Plasma. O projeto hoje em dia suporta os chips M1, M1 PRO e M1 Max, entretanto, então os chips M2 ainda não são compatíveis.
Você precisa estar com o macOS na versão 12.3 ou superior instalada no computador e ter acesso ao usuário administrador do sistema. Se a sua intenção é instalar o Desktop completo do Asahi Linux, você vai precisar de pelo menos 53 GB de espaço livre no seu Mac. Também é necessário conexão com a internet, já que é uma instalação de Arch, muita coisa é baixada para poder fazer a instalação.
O que não funciona no Asahi Linux?
No site do Asahi podemos ver uma lista de coisas que, por enquanto, funcionam e que não funcionam, surpreendentemente, muita coisa já está operante, a ponto de ser mais fácil falar o que ainda não está. O Asahi Linux ainda não tem suporte a DisplayPort, Bluetooth, HDMI, Thunderbolt, aceleração por GPU, a Neural Engine da Apple, Webcam, e mais alguns pormenores.
Como instalar o Asahi Linux no MacBook Air M1
Diferente de outras distros, você não precisa criar um pendrive ou CD bootável, tudo é feito através de um simples script. A ideia é instalar o Asahi Linux no MacBook Air M1 em dual boot, atualmente o script nem suporta a formatação completa do disco, assim você pode voltar e usar o macOS sem problemas.
Basta ir até o site e copiar esse o comando sugerido por eles, que no momento da redação é:
curl https://alx.sh | sh
Depois disso, abra o terminal do seu macOS, cole e dê enter. Todo o processo é em inglês, é importante que você leia para tomar as decisões corretas.
Provavelmente, você vai querer redimensionar o disco para abrir espaço para fazer dual boot com o Asahi Linux no MacBook, este é o único momento que você vai ter que parar para pensar um pouco, para decidir quanto espaço vai querer deixar para o macOS. O próprio terminal te dá as dicas para representar os valores em percentual ou em GB, se você está em dúvida, dependendo do tamanho do seu armazenamento, pode ser uma boa deixar 70% para o macOS, e 30% para o Linux. Depois disso o script deve fazer a sua mágica, você tem que aceitar ou rejeitar algumas coisas, nada fora do comum.
Em seguida, você precisa desligar e esperar ao menos 15 segundos para ligar o computador de novo, você vai iniciar o sistema no modo de recuperação e encontrará o Asahi Linux por ali.
Aqui começa a segunda etapa do instalador, que vai requerer a sua senha de administrador, depois você vai dar de cara com o instalador Calamares, onde pode configurar as coisas comuns do sistema, como usuário, senha, configuração de teclado e tudo mais.
Isso vai te levar ao desktop do Asahi Linux, um KDE Plasma recheado de aplicações diversas em suas versões ARM. Como era de se esperar, o Wi-Fi está funcionando, mas outras coisas não estão, como o Bluetooth e a webcam.
Para voltar a usar somente o macOS, é tão simples quanto abrir o utilitário de disco, apagar o Asahi Linux e estender a partição do Mac, ou então você pode reinstalar o macOS , apagando tudo, vai funcionar da mesma forma.
Como é o desempenho do Asahi Linux no MacBook Air M1?
Em geral o sistema parece bem rápido, o KDE Plasma fica lindíssimo na tela do MacBook, a resolução fica correta, gasta muito menos RAM do que o macOS por padrão e dependendo do que você espera do computador, já é bem usável.
Teclado e touchpad funcionam bem, apesar de não ter os mesmos gestos que o macOS, mas a falta deles tem mais a ver com a interface KDE do que com o Linux especificamente. Tentamos rodar alguns benchmarks, para ter uma ideia do desempenho, mas é complicado de fazer o comparativo.
Uma das coisas que a Apple implementou junto com os chips M1 e o macOS é a Rosetta2, uma camada de compatibilidade, que faz com que aplicativos feitos para arquitetura AMD64 rodem em ARM, como é o caso da Steam por exemplo, mas não existe algo assim no Asahi Linux, então estamos limitados a aplicativos compilados para ARM.
Isso é um problema menor do que parece, pois grande parte do repositório dos sistemas Linux tem suporte para ARM, mas pode ser que falte aquela aplicação específica para alguma coisa.
No nosso caro, faltam aplicações para gente fazer benchmarks, mas conseguimos usar a versão ARM preview do Geekbench, para ter uma ideia melhor da diferença entre macOS e Linux no MacBook Air M1, e o resultado é bem interessante.
Os resultados ainda são muito melhores para o macOS, mas a pontuação do Linux nesse cenário de engenharia reversa é até mais alta do que esperávamos, ainda assim é uma amostra que ainda existe trabalho a ser feito para otimização, mas que o básico, talvez até um pouco mais do que isso, já foi feito .
Sistema | Geekbench Singlecore | Geekbench Multicore | Web Basemark |
Asahi Linux | 1588 | 6476 | 162,73 |
macOS | 2335 | 8542 | 864,61 |
No Web Basemark, rodando o Firefox, podemos ver que a pontuação não foi boa, isso porque, a aceleração por GPU ainda não é 100% e o sistema engasga para trabalhar com WebGL,.
Ainda assim, as coisas parecem promissoras, já que joguinhos 2D simples já rodam sem problemas, mas os games com gráficos 3D bom até abrem, mas ainda não vão muito além.
Pelo que eu percebemos, a bateria dura bem menos com o Linux, no macOS, a bateria do MacBook Air dura facilmente 8 horas em uso constante, ou 15 horas com uso bem mais moderado. Usando Linux não chega nem perto, se você conseguir 4 horas de bateria é muito, o que não é horrível, mas é bem menos do que a otimização que o macOS oferece.
Por que alguém instalaria Linux no MacBook? O ponto de você comprar um MacBook, não é justamente usar o macOS?
A maior parte das pessoas que comprar um MacBook vai usar o macOS, mas a Apple já se mostrou uma empresa complicada quando o assunto é reparabilidade dos seus equipamentos, com a nova geração de chips M1 e M2, reparos de hardware são impossíveis, e como agora os chips não são os mesmos usados em computadores tradicionais, que permitem os hackintoshes, é importante que exista uma alternativa.
Por mais longo que seja o suporte da Apple, em algum momento esses chips vão ficar obsoletos, deixarão de receber atualizações, ou receberão algumas que eles não vão conseguir lidar muito bem, que vão deixar os computadores mais lentos. Poder instalar Linux no MacBook, um sistema de código aberto e gratuito, é uma forma de evitar que o aparelho vire lixo digital.
Além disso, o MacBook é um computador, você deveria poder ter a liberdade de instalar o que você quisesse nele, não é?
Vale a pena continuar acompanhando o trabalho do pessoal do Asahi Linux, portanto traremos mais conteúdo sobre ele quando as coisas estiverem mais maduras.
Um efeito colateral do Asahi Linux, é que quando esse trabalho for considerado estável, com todos os seus drivers, é praticamente certo que ele vai ser integrado ao Kernel Linux, o que permitirá que qualquer distro que use um Kernel recente possa ser instalada em um computador da Apple.
Já pensou em um MacBook M1 como o roteador ou um firewall da sua casa? Será que isso já é possível? Confira o nosso vídeo sobre como criar o seu próprio roteador!
Se você instalou ou quer instalar o Linux no MacBook Air, então deve ser fã do pinguim como a gente! Que tal mostrar isso ao mundo utilizando uma roupa com alguma das nossas estampas?