Atualmente, com uma quantidade enorme de distrações e coleta de dados online, surge a necessidade de um navegador que priorize a privacidade, a simplicidade e o desempenho. Hoje exploraremos o Zen Browser, uma reimaginação do Firefox que traz uma abordagem diferenciada, incluindo recursos inovadores e um design que visa proporcionar uma experiência mais “zen” e minimalista. Será que ele consegue competir com os navegadores tradicionais e convencer você a mudar?
O que é o Zen Browser?
O Zen Browser é uma versão modificada do Firefox, que busca integrar os melhores aspectos deste navegador, ao mesmo tempo em que elimina algumas de suas falhas. Inspirado por algumas tendências que ganharam notoriedade recentemente, como o ARC Browser, o Zen Browser não se trata apenas de um tema para o Firefox. Ele é uma tentativa de criar algo novo, combinando funcionalidades práticas e uma interface limpa, sem muitos dos elementos que distraem e atrapalham a experiência do usuário.

Atualmente, o Zen Browser está em sua fase Alpha e possui poucos meses de vida, o que significa que ainda está em desenvolvimento e pode ter limitações. Porém, sendo um projeto open-source, ele já mostra um grande potencial, com uma comunidade engajada e um ritmo constante de melhorias. Seu foco é proporcionar uma experiência de navegação que priorize o desempenho, privacidade, segurança e customização, tudo em uma interface fácil de usar.
Primeiras impressões e instalação
Ao fazer o download do Zen Browser, é possível escolher entre duas compilações: uma versão otimizada para velocidade, que utiliza a instrução AVX2 presente em CPUs modernas para aumentar o desempenho, e uma versão genérica, compatível com uma gama mais ampla de processadores. Para usuários do Linux, há várias opções de instalação, incluindo o formato AppImage, um binário simples, ou via Flatpak, a versão que escolhemos testar, disponível em várias lojas de aplicativos de distribuições populares.
Assim que o navegador é aberto pela primeira vez, somos recebidos por um processo de configuração inicial, onde é possível definir cores de destaque (accent colors), escolher entre modos claro e escuro, importar dados de outros navegadores, como favoritos, e definir o mecanismo de busca padrão. Logo de início, o Zen Browser se destaca por seu visual minimalista, sem a presença de uma barra de favoritos ou atalhos patrocinados, como ocorre no Firefox. Isso contribui para uma sensação de simplicidade e “paz” ao navegar.

Funcionalidades e interface
Um dos elementos mais marcantes do Zen Browser é a barra lateral à esquerda da tela, que abriga as principais ferramentas do navegador. Nessa barra, é possível acessar funcionalidades como abas verticais, um recurso muito semelhante ao que é visto no ARC Browser. Durante os testes, o navegador mostrou-se responsivo, com um bom desempenho mesmo ao alternar entre várias abas abertas.

A funcionalidade de abas verticais é complementada por um recurso chamado Split View, que permite abrir duas ou mais abas lado a lado, clicando com o botão direito do mouse. Para quem utiliza monitores grandes, esse recurso pode ser uma maneira muito prática de aumentar a produtividade, permitindo visualizar duas ou três páginas simultaneamente. Embora o Split View não seja uma novidade exclusiva do Zen Browser – navegadores como o Vivaldi e o Microsoft Edge também possuem recursos semelhantes – aqui ele faz parte do fluxo de trabalho principal, sendo muito fácil e intuitivo de usar.

Outro recurso interessante do Zen Browser é a Zen Sidebar, uma espécie de “navegador dentro do navegador”. A sidebar permite que você adicione web apps, como o Twitter, Google Tradutor, ou o Todoist, em uma interface menor, semelhante à visualização de um dispositivo móvel. Essa funcionalidade é bastante útil para manter ferramentas importantes ao alcance, sem precisar abrir uma aba inteira.

O Zen Browser também oferece a possibilidade de criar Workspaces. Workspaces são áreas de trabalho virtuais que permitem organizar as abas em diferentes grupos, com base em temas ou atividades específicas. Isso facilita a separação entre diferentes contextos de navegação, como trabalho, estudo e lazer, contribuindo para um ambiente mais organizado e sem distrações.

Configurações e customização
O Zen Browser se destaca também pela possibilidade de customização, especialmente através das opções de look and feel disponíveis nas configurações. É possível escolher diferentes cores para a barra lateral, ativar um modo compacto que esconde todos os elementos do navegador e focar apenas no conteúdo, com as barras aparecendo apenas ao passar o mouse sobre elas.

Outra parte interessante das configurações do Zen Browser é a Theme Store, que oferece temas que modificam não apenas as cores do navegador, mas também certos elementos de interface. Durante os testes, no entanto, a loja de temas apresentou alguns problemas, o que pode ser atribuído ao estágio Alpha do navegador ou ao uso da versão Flatpak.
Para quem se preocupa com a sincronização de dados, o Zen Browser permite a utilização de uma conta Mozilla para sincronizar favoritos, senhas e histórico. Dessa forma, é possível ter uma experiência semelhante tanto no Zen quanto no Firefox Mobile, algo bastante prático para usuários que querem experimentar o Zen sem perder seus dados de navegação. Vale notar que, sendo um projeto comunitário, o Zen Browser não possui sua própria infraestrutura de sincronização, limitando um pouco sua independência em relação ao Firefox.
Segurança e privacidade
A privacidade é uma das prioridades do Zen Browser, e há uma seção dedicada às configurações de segurança. Aqui, é possível ativar um modo mais estrito de bloqueio de rastreadores, embora isso possa comprometer a funcionalidade de alguns sites. Apesar do visual minimalista, o Zen Browser oferece uma série de opções que garantem uma navegação mais segura, incluindo o bloqueio de scripts, cookies e trackers.
Durante a navegação, o Zen Browser mostrou-se eficiente no bloqueio de anúncios, embora não seja tão agressivo quanto algumas extensões específicas para essa finalidade. Para quem deseja mais controle sobre privacidade, as configurações acessíveis pelo ícone de escudo na barra de URL permitem ajustar o comportamento do navegador de acordo com o nível desejado de proteção.
Testes de Desempenho
Um dos pontos mais mencionados pelos desenvolvedores do Zen Browser é sua otimização para desempenho. Para testar isso, realizamos um benchmark usando o Web Basemark em um computador equipado com um Ryzen 7 5700G, 32 GB de RAM, SSD NVMe e uma GTX 1050Ti. Comparando o Zen Browser com o Firefox 129 e o Chrome 128, os resultados foram bastante animadores: o Zen Browser alcançou uma pontuação de 1323, comparado aos 1179 pontos do Firefox e 1342 do Chrome. Esses números mostram que o Zen Browser oferece um desempenho comparável ao Chrome, geralmente conhecido por sua rapidez.

Problemas e limitações
Por ser um projeto em estágio Alpha, o Zen Browser ainda possui algumas limitações. A documentação do navegador menciona, por exemplo, a falta de suporte para conteúdo protegido por DRM, como Spotify e Netflix, especificamente na versão para Windows. Isso ocorre devido ao custo da licença para suporte a DRM, algo que a equipe de desenvolvedores só poderá implementar com apoio financeiro da comunidade. Felizmente, usuários interessados podem contribuir para o projeto através do Ko-Fi ou do Patreon.
Outro problema observado durante os testes foi a estabilidade da loja de temas, que, em algumas situações, apresentava falhas ao aplicar modificações. A tradução para o português também não é completa, deixando algumas partes da interface em inglês, o que pode ser um ponto negativo para quem prefere utilizar o navegador em sua língua nativa.
Vale a pena mudar para o Zen Browser?
O Zen Browser traz várias ideias interessantes para a mesa, e a experiência de navegação é realmente agradável. Seu design minimalista, funcionalidades como abas verticais, Split View e Zen Sidebar, e o foco na privacidade são pontos positivos que podem atrair muitos usuários. Em termos de desempenho, ele entrega o que promete, competindo de igual para igual com navegadores estabelecidos, como o Chrome.
No entanto, devido ao estágio inicial do projeto, ainda é cedo para recomendar o Zen Browser como uma substituição completa para seu navegador principal. Muitos dos problemas mencionados, como a falta de suporte a DRM e a inconsistência na tradução, podem ser obstáculos para alguns usuários. Ademais, ele não é mantido por uma grande empresa, com funcionários remunerados dedicados exclusivamente ao desenvolvimento, o que pode resultar em demora para receber novos conteúdos e outras inconsistências. Dito isso, vale a pena ficar de olho no Zen Browser e considerá-lo como uma alternativa secundária, especialmente para quem busca algo mais leve e focado.
Com uma comunidade engajada e desenvolvedores comprometidos, o Zen Browser tem potencial para se tornar uma opção sólida no futuro. Se você está curioso para experimentar um navegador novo e quer fazer parte do crescimento de um projeto open-source promissor, o Zen Browser pode ser uma excelente adição ao seu sistema.
Por fim, se você gosta de explorar alternativas comunitárias de navegadores, vale conferir nosso conteúdo sobre o Thorium, outra história fascinante de um navegador com uma abordagem diferenciada.