Ubuntu

Como assim? O renascimento do Ubuntu Unity?

Com o lançamento que tivemos por parte da Canonical no último mês de Outubro, tivemos a primeira versão do Ubuntu a carregar um desktop “full GNOME”, incluindo o Shell, deixando de lado pela primeira vez em quase 7 anos a interface Unity que se tornou uma marca registrada do sistema.

Antes de contar para você sobre o Ubuntu Unity será (ou poderá ser) eu gostaria de fazer uma breve reflexão sobre o tópico; na verdade, eu até já fiz essa reflexão na minha palestra “Dossiê Diolinux” que você pode assistir no YouTube. Eu lembro como se fosse hoje o quanto os membros da “comunidade” Linux criticavam o Unity (não que ele não merecesse críticas para algumas coisas, mas passou muito do ponto em alguns casos) e agora se vê um movimento contrário, cheio de “órfãos” da interface. Percebeu isso também ou foi só nas minhas timetines?

Na palestra eu falei sobre a questão do “só dá valor quando perde” e no fundo, acho que a comunidade Linux ainda critica demais iniciativas de dentro da própria comunidade, pessoas que tentam fazer pequenos ou grandes gestos dentro delas que de uma forma ou de outra vai levar software livre e a cultura de tecnologia adiante, como o eventual “massacre” de críticas que acontece em projetos nacionais. Talvez esteja na hora de pensarmos em somar e não subtrair, não acha? 

OK. Pulando a parte da minha “meia reclamação” de hoje, vamos falar sobre o Ubuntu Unity. Pois é, realmente o projeto parece estar de volta.

O Ubuntu Unity Remix

Quando a Canonical anunciou o GNOME Shell como interface dos futuros Ubuntus eu lembro que nos comentários as pessoas pediram se não poderíamos ter um “sabor” (a.k.a. flavor) do sistema com o Unity, o “UUbuntu” ou algo do tipo, assim como existe Xubuntu (XFCE+Ubuntu), Kubuntu (KDE+Ubuntu) e por aí vai.

Eu lembro que eu sugeri justamente este nome “Ubuntu Unity Remix”, pensando melhor, acho que só “Ubuntu Unity” seria uma escolha mais “marketeira”, mas nomes à parte, toda vez que alguém me perguntava sobre a volta do Unity eu dizia algo (que na minha cabeça faz sentido) que contrariava algumas pessoas.

O Unity é um plugin do Compiz, um compositor de janelas que já fora muito mais popular do que é hoje, especialmente na época do GNOME.

Mas qual o problema disso?

Não é exatamente um problema, no entanto, a questão é que manter o Unity do jeito que ele é atualmente não é apenas manter a interface, pura e simplesmente, é manter o Compiz também. 

Por sua vez, o Compiz é um software que não recebe tanta atenção da comunidade (Acho que o pessoal do MATE costuma dar uma força até), dentro do Launchpad a última informação que se tem de atuação dos desenvolvedores de alguma forma data de 2015, como se não bastasse, ainda tem todo o trabalho de aplicar Patches em softwares do GNOME para que eles encaixem-se na interface à partir do Ubuntu 18.04 LTS, como no Nautilus por exemplo, GNOME Agenda, entre outros que acompanhariam e que não acompanhariam o sistema. Afinal, o sistema não é feito apenas de softwares que acompanham a distro, mas também dos aplicativos de terceiros que tem que manter uma coesão visual com o restante do sistema.

Não considero impossível, mas os voluntários/desenvolvedores vão precisar de ajuda, sem dúvida, então se você curtir o projeto e cute o Unity, aí está uma forma de você colaborar com a comunidade Linux.

Ainda está no começo

Apesar de eu ter visto vários veículos de comunicação falando sobre a “volta do Ubuntu Unity” a verdade é que o projeto está apenas no início, com pessoas fazendo pequenos experimentos para ver como as coisas funcionam. Na minha opinião, o “Unity novo” poderia ser apenas um Shell para o GNOME, até certo ponto parecido com o que a própria Canonical está fazendo, seria melhor do que manter softwares que estão com pouco suporte, como o Compiz, ainda mais depois da Canonical deixá-lo de lado.

O resultado provavelmente seria algo parecido com o Zorin Shell do Zorin OS, o Endless Shell, do Endless OS, entre outros.

O Unity ainda está disponível no repositório do Ubuntu e estará no futuro, mas simplesmente instalar o “Unity Session” não vai garantir uma experiência sólida por vários fatores, inclusive visuais e se não houver um desenvolvimento ativo, com o tempo talvez ele nem fique mais completamente compatível com as novas gerações do GNOME por conta do GTK atualizado e outros fatores.

Os desenvolvedores que estão tentando trazer o Ubuntu Unity de volta criaram uma ISO com o gestor de arquivos Caja (o gestor do MATE Desktop Enviroment) no lugar do Nautilus, talvez para justamente evitar o que eu dizia de ter que aplicar patches no gestor do GNOME.

Um fator de colabora para isso é que o “Munity”, que é um Tweak da interface MATE que existe no Ubuntu MATE nativamente e transforma a interface “GNOME 2 Like” tradicionalista em algo muito parecido do Unity em usabilidade, já mostra um pouco de como o caminho pode ser. Tirando o comportamento da Dash, o restante já está bem parecido e funcional.

Quer testar o Ubuntu Unity?

Quer testar o novo Ubuntu Unity Remix (Ubuntu 17.10)? Então basta acessar esse link com informações e o link para download, os desenvolvedores estão buscando por feedback dos interessados sobre essas primeiras builds.

Inclusive, parece que já entraram em contato para poder transformar esta em uma flavor oficial do Ubuntu, assim como Ubuntu MATE, Xubuntu, Lubuntu, etc. A Canonical parece estar favorável com o projeto.

Eu sempre gostei muito do Unity e acho que foi a melhor interface de todos os sistemas, independente de plataforma (Windows, macOS, Linux), no quesito “aproveitamento” de espaço na tela, algo muito bom de se usar com computadores com telas menores. Sempre pensei que para o usuário, seria melhor se ao invés de abandonar o Unity 8 e o 7, a Canonical tivesse ficado com o desenvolvimento do 7, ou criado um shell que replicasse a experiência no GNOME (talvez isso até aconteça).

Nos resta torcer e ajudar o projeto, quem sabe saium bons frutos dali, se você for lá e simplesmente dizer que está acompanhando e torcendo, tenho certeza de que será um grande incentivo para que está fazendo.

Se você quiser saber mais sobre o “lado desenvolvedor” no mundo Linux, sugiro a entrevista com o Georges Basile Stavracas que eu postei no canal recentemente, lá você vai entender como pequenos gestos de apoio fazem diferença, passe lá e assista (ou ouça).  O Georges trabalha no Endless OS e no GNOME, foi muito interessante pegar a perspectiva que ele passou.

Até a próxima!

Diolinux Ofertas - Aproveite os melhores descontos em diversos produtos!