Quando a Oracle fala em “Unbreakable” (inquebrável), não está brincando. A gigante das bases de dados acaba de lançar a oitava versão do seu kernel empresarial, o Unbreakable Enterprise Kernel (UEK) 8, e as novidades são robustas. Integrado ao Oracle Linux 9.5, este kernel promete desempenho, segurança e estabilidade dignas de quem lida com os bancos de dados mais críticos do mundo.
Por que o UEK 8 é diferente?
Enquanto muitas distribuições Linux usam kernels genéricos, a Oracle decidiu turbinar o seu próprio. O UEK 8 é baseado no Linux 6.12 LTS, mas com otimizações. Greg Marsden, VP de desenvolvimento de Linux na Oracle, não economizou elogios: “Este é o melhor UEK que já lançamos”.
Uma das grandes mudanças está na forma como o kernel lida com a memória. O UEK 8 abandona a velha struct page e adota folios, uma estrutura mais eficiente que reduz sobrecarga e melhora a escalabilidade. Para quem lida com bancos de dados gigantes ou aplicações em nuvem, isso significa menos gargalos e mais desempenho.
E não para por aí: as antigas Red-Black Trees, usadas para gerenciar áreas de memória virtual, foram substituídas por Maple Trees. Essa nova estrutura, otimizada para cache de CPU, acelera operações de inserção, busca e deleção — perfeito para workloads pesados.
Quem usa computadores Ampere (Arm) na Oracle Cloud Infrastructure (OCI) ganhou uma opção extra: agora é possível escolher entre kernels com páginas de 4K ou 64K. Se o seu servidor tem memória limitada, o modo 4K é ideal. Mas se você está lidando com cargas de trabalho pesadas, como HPC ou big data, o 64K reduz falhas de página e aumenta a eficiência.
O io_uring, sistema de I/O assíncrono do Linux, ganhou melhorias significativas no UEK 8. Agora, tanto XFS quanto Ext4 conseguem lidar com múltiplas escritas diretas em paralelo, aumentando throughput em cenários de alta demanda.
E para os que utilizam Btrfs, boas notícias: o kernel agora lida melhor com dados comprimidos e blocos maiores que 64K. Mas a cereja do bolo vai para o XFS Online Repair, uma funcionalidade em preview que permite corrigir corrupções de filesystem sem desmontá-lo.
O Berkeley Packet Filter (BPF) — aquela ferramenta que permite injetar programas no kernel — ganhou um alocador de memória dedicado, melhorando estabilidade.
Já para redes, o BIG TCP chegou para otimizar envio de pacotes IPv6 em datacenters, reduzindo a latência. E se sua empresa usa Intel SGX para enclaves seguros, o UEK 8 suporta agora gerenciamento dinâmico de memória (SGX2), permitindo que áreas protegidas se ajustem em tempo real.
Como instalar o UEK 8?
Se você já está no Oracle Linux 9.5, basta habilitar o repositório ol9_UEKR8 e atualizar. Agora, se ainda está no Oracle Linux 8, prepare-se: é preciso migrar para a versão 9 primeiro.
Para quem roda o Oracle Database, Exadata ou workloads críticas na OCI, o UEK 8 é uma atualização quase obrigatória. As melhorias em memória, I/O e segurança fazem dele um kernel feito para quem não pode dar-se ao luxo de falhas.
Mas se sua empresa não depende da stack Oracle, talvez valha esperar para ver se outras distros incorporam algumas dessas otimizações.
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