A Epic Games, famosa desenvolvedora por trás de sucessos como Fortnite, tem se destacado não apenas por seus jogos, mas também por sua luta contínua contra as práticas restritivas da Apple e do Google no mercado de aplicativos móveis. Recentemente, a empresa deu um passo ousado: adicionou quase 20 jogos de terceiros à sua loja de aplicativos móveis em dispositivos Android globalmente e iOS na União Europeia (UE). Além disso, lançou seu programa de jogos gratuitos para dispositivos móveis, começando com Bloons TD 6 e Dungeon of the Endless: Apogee.
O sonho de uma Loja multiplataforma
O objetivo declarado da Epic Games é ambicioso: criar uma loja única e multiplataforma onde os jogadores possam comprar e acessar jogos e itens digitais de forma integrada, independentemente do dispositivo usado. Segundo Tim Sweeney, CEO da Epic, a ideia é dar aos usuários liberdade e propriedade sobre seus conteúdos. Esse conceito busca eliminar as barreiras impostas pelas lojas nativas dos sistemas operacionais, permitindo que jogos adquiridos em um lugar possam ser acessados em qualquer plataforma.
No entanto, a jornada da Epic para implementar essa visão está longe de ser simples. Apesar de sua determinação, a empresa encontrou obstáculos técnicos e estratégicos. Até mesmo o lançamento inicial dos jogos enfrentou atrasos devido a “alguns bugs” antes da ativação oficial.

Um incentivo financeiro para desenvolvedores
Para atrair desenvolvedores, a Epic se comprometeu a pagar a taxa imposta pela Apple por um ano para os desenvolvedores que participarem do programa de jogos gratuitos na iOS. A CTF é uma cobrança de 0,50 euros por instalação de aplicativos em dispositivos iOS que excedam 1 milhão de downloads anuais. Segundo a Epic, essa é uma barreira significativa para desenvolvedores independentes e pequenas empresas.
Embora custosa para a Epic no curto prazo, essa estratégia pode ser vista como um movimento necessário para incentivar a adesão de desenvolvedores à sua loja. A empresa também espera que o impacto financeiro dessa medida pressione a Comissão Europeia a investigar e agir contra o que considera ser uma violação da Lei dos Mercados Digitais (DMA).
O confronto com a Apple e o Google
A Epic não poupa críticas às práticas da Apple e do Google, acusando-as de sufocar a competição com restrições e taxas excessivas. Um dos exemplos mais evidentes é a CTF, que, segundo Sweeney, torna inviável a sobrevivência de lojas alternativas no mercado. Além disso, a Apple é acusada de usar telas de aviso intimidatórias e requisitos que desestimulam os usuários a instalar lojas de terceiros, resultando em mais de 50% de desistências durante o processo de instalação.
Na União Europeia, a Epic conseguiu abrir sua loja no iOS graças à DMA, que exige que plataformas dominantes permitam a entrada de lojas alternativas. Contudo, a Apple ainda mantém restrições severas fora da UE.
Apesar dos esforços, a Epic não alcançou seus objetivos iniciais para a loja de aplicativos móveis. Em 2024, a empresa esperava atingir 100 milhões de instalações, mas conseguiu apenas 29 milhões. Isso é atribuído, na maioria, às barreiras impostas pelas grandes empresas de tecnologia. Sweeney argumenta que, com menos fricção e um ambiente competitivo justo, seria possível alcançar suas metas e oferecer aos jogadores e desenvolvedores uma alternativa viável às lojas dominantes.
Um longo combate
A luta da Epic contra a Apple e o Google começou de forma mais intensa em 2020, com a polêmica remoção de Fortnite da App Store após a empresa introduzir um sistema de pagamento direto, desafiando as políticas da Apple. Desde então, a batalha judicial e regulatória se expandiu, com avanços significativos na Europa e esperanças de mudanças em outros países, como Reino Unido, Japão, Austrália e Brasil.
Sweeney acredita que a mudança é inevitável, mesmo nos Estados Unidos, onde, segundo ele, a Apple bloqueia injustamente o acesso a Fortnite para usuários de iOS. A Epic se diz preparada para continuar essa batalha por anos, acreditando que a competição e a liberdade de escolha beneficiarão não apenas sua própria loja, mas toda a indústria de jogos.
Conclusão
A entrada de jogos de terceiros na loja móvel da Epic Games, além de uma atualização de catálogo, é um marco em sua luta por manter uma loja própria em ambientes até então hostis a esta prática. Embora os desafios sejam grandes, a determinação da Epic em enfrentar gigantes como Apple e Google pode moldar o futuro do mercado de aplicativos móveis.
Enquanto os reguladores europeus analisam as práticas de mercado e os desenvolvedores avaliam os benefícios de uma loja alternativa, resta saber se a Epic conseguirá transformar sua visão em realidade global. De qualquer forma, os jogadores e desenvolvedores têm a ganhar com essa disputa épica.
Fique por dentro das principais notícias da semana sobre tecnologia e Linux: assine nossa newsletter!