Empreendimentos menores lucram com IA enquanto gigantes queimam dinheiro
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Empreendimentos menores lucram com IA enquanto gigantes queimam dinheiro

Enquanto o mundo acompanha fascinado (e às vezes preocupado) os avanços das grandes empresas de tecnologia em inteligência artificial, um fenômeno curioso vem ganhando forma nos bastidores. Enquanto OpenAI, Google e outras gigantes continuam investindo bilhões em modelos cada vez maiores sem um retorno claro, um grupo de empresas menos badaladas está demonstrando que é possível, sim, monetizar a IA generativa – e com lucros impressionantes. O segredo? Em vez de vender IA como produto final, elas usam a tecnologia para aprimorar serviços já estabelecidos, criando valor real para os usuários.

Onde estão os lucros reais?

A plataforma aitools.xyz, que monitora mais de 10.000 ferramentas de IA em 171 categorias diferentes, oferece um retrato revelador do mercado atual. Enquanto o ChatGPT da OpenAI lidera com impressionantes 40 bilhões de visitas em 2024, as empresas que realmente estão transformando acessos em receita são aquelas que incorporam a IA como parte de seus serviços, não como produto principal.

Essa distinção é crucial. Enquanto as “pure players” de IA continuam acumulando prejuízos bilionários, empreendimentos como Canva, Google Translate e Duolingo estão encontrando maneiras inteligentes de integrar a tecnologia em seus fluxos de trabalho existentes, gerando valor tanto para si mesmas quanto para seus usuários finais.

Computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro

O caso do Canva é particularmente ilustrativo. A plataforma, que começou como uma ferramenta simples de design baseada em templates, transformou-se em um verdadeiro estúdio criativo digital, graças em grande parte à integração estratégica de IA generativa. O que antes exigia horas de trabalho manual agora pode ser realizado em minutos por meio de recursos como Magic Design para criação automática de layouts e Magic Write para geração de textos.

A abordagem do Canva é particularmente inteligente porque mantém o usuário no centro do processo criativo. A IA não substitui o designer amador, mas sim amplifica suas capacidades, permitindo que ideias sejam executadas com rapidez e qualidade. Essa filosofia rendeu à empresa um faturamento estimado entre 2,5 e 2,7 bilhões de dólares em 2024 – números que fazem corar muitas das gigantes de IA que queimam capital sem gerar receita significativa.

Quebrando barreiras linguísticas

No campo da tradução e aprendizado de idiomas, a IA está desempenhando um papel transformador. O Google Translate, terceiro colocado no ranking da aitools.xyz, começou sua jornada com IA em 2016 com o sistema de tradução neural. Hoje, praticamente todas as suas traduções são impulsionadas por modelos avançados de linguagem, oferecendo resultados cada vez mais naturais e precisos.

Já o Duolingo adotou uma abordagem ainda mais radical. Após anos criando cursos manualmente, a empresa fez uma transição ousada para um modelo centrado em IA em 2023. Essa mudança permitiu não somente reduzir custos operacionais, mas também expandir dramaticamente sua oferta – 148 novos cursos de idiomas foram lançados em menos de um ano, contra 100 cursos nos 12 anos anteriores. Os números financeiros confirmam o acerto da estratégia: um faturamento de 230,7 milhões de dólares apenas no primeiro trimestre de 2025.

IA como assistente, não como estrela

A trajetória da Grammarly oferece outra perspectiva interessante sobre o uso bem-sucedido de IA. Desde sua fundação em 2009, a empresa sempre utilizou machine learning em suas ferramentas de correção de texto, mas foi com o lançamento do GrammarlyGO em 2023 que ela deu um salto qualitativo. Diferente de chatbots que tentam substituir completamente a escrita humana, a Grammarly posiciona sua IA como uma assistente – sugerindo melhorias sem jamais tomar o controle do processo criativo.

Essa abordagem equilibrada rendeu à empresa um crescimento de 40% no faturamento entre 2023 e 2024, saltando de 178,9 milhões para 251,8 milhões de dólares. O caso da Grammarly demonstra que há um mercado significativo para soluções que combinam inteligência artificial com expertise humana, em vez de tentar substituir completamente esta última.

IA como meio, não como fim

O que essas histórias de sucesso têm em comum é uma abordagem pragmática da inteligência artificial. Em vez de tratar a IA como produto final, essas empresas a veem como uma ferramenta poderosa para aprimorar serviços existentes. Essa mentalidade se traduz em algumas estratégias-chave que parecem estar funcionando no mercado atual.

A primeira delas é o foco em automatizar tarefas repetitivas e demoradas, liberando os usuários para se concentrarem em aspectos mais criativos e estratégicos de seu trabalho. O Canva não substitui designers, mas elimina barreiras técnicas que impediam muitas pessoas de dar vida a suas ideias. Da mesma forma, o Duolingo não pretende substituir professores, mas sim tornar o aprendizado de idiomas mais acessível e conveniente.

Outro aspecto importante é a integração perfeita da IA em fluxos de trabalho existentes. Ao contrário de soluções autônomas que exigem que os usuários mudem completamente sua forma de trabalhar, essas empresas incorporam a IA de maneira discreta em processos já familiares. Essa transição suave reduz a resistência à adoção e permite que os benefícios da tecnologia sejam percebidos imediatamente.

À medida que o mercado de IA amadurece, está ficando cada vez mais claro que o verdadeiro valor da tecnologia está em sua aplicação prática, não em demonstrações técnicas impressionantes. Empresas que conseguem identificar problemas reais dos usuários e usar a IA para resolvê-los estão colhendo os frutos dessa abordagem.

Esse cenário sugere um futuro onde a IA generativa será cada vez mais ubíqua, mas também cada vez menos visível. Em vez de chatbots que tentam imitar conversas humanas, veremos mais soluções especializadas que incorporam IA de maneira discreta para melhorar produtos e serviços que as pessoas já usam e valorizam.

E se você ainda não entendeu exatamente como funcionam as IAs modernas, já passou da hora, aprenda agora e de quebra, perder o medo de perder o emprego para um robô.

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Sobre o autor
Redator, além de estudante de engenharia e computação.
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