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Abandonando a Adobe: uma busca por previsibilidade

Nos últimos meses, a Adobe enfrenta um êxodo significativo de usuários insatisfeitos com suas práticas. Embora vídeos sobre deixar a Adobe tenham circulado há anos, desta vez, a insatisfação parece estar em um pico nunca visto. A empresa tem irritado tanto os usuários que até o governo dos EUA está envolvido em um processo contra a Adobe por dificultar o cancelamento das assinaturas da Creative Cloud e não deixar claras as multas para os usuários.

Não deveria ser tão complicado!

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos processou a Adobe, alegando práticas anticoncorrenciais e enganosas. Segundo a ação, a Adobe esconde taxas de cancelamento em letras miúdas e torna o processo de cancelamento confuso e difícil, com suporte ao cliente que frequentemente frustra os usuários.

Essa ação não é isolada. A Federal Trade Commission (FTC) já processou outras big techs por práticas similares. No entanto, desta vez, alguns membros da diretoria da Adobe também estão sendo indiciados, uma medida rara que visa responsabilizar diretamente os executivos por suas decisões.

O vice-presidente executivo da Adobe, Dana Rao, afirmou que a empresa é transparente sobre seus termos e condições e que o processo de cancelamento é simples. No entanto, a explosão de reclamações na internet sugere o contrário.

A Controvérsia dos Novos Termos de Uso

Recentemente, a Adobe atualizou os termos de uso de seus softwares, provocando uma onda de insatisfação. Os usuários relataram que não conseguiam acessar o software, nem podiam falar com o suporte sem aceitar os termos, e nem mesmo desinstalar o Photoshop.

Esta mudança repentina gerou preocupações significativas sobre privacidade e propriedade intelectual. Os novos termos davam a entender que a Adobe poderia usar conteúdo armazenado na Creative Cloud para treinar suas inteligências artificiais, além de conceder à empresa direitos amplos sobre o conteúdo dos usuários.

A pressão foi tanta que a Adobe precisou atualizar novamente as regras e fez um vídeo explicativo com um representante do setor legal. Contudo, muitos usuários permaneceram céticos, acreditando que a mudança era mais uma manobra de relações-públicas do que uma mudança significativa.

Análise Jurídica dos Termos de Uso

Para esclarecer os pontos controversos, conversamos com dois advogados especialistas em licenciamento e proteção de dados. André Staffa Neto e Matheus Costa analisaram os novos termos de uso da Adobe.

Segundo André Staffa Neto, os termos são amplos demais, permitindo acesso da Adobe ao conteúdo armazenado na nuvem dos usuários e possibilitando a revisão manual por humanos. Ele também destacou que a Adobe tem o direito de mover os dados dos usuários para outros países, expondo-os a diferentes regulamentações de privacidade.

A cláusula 4.3 dos termos concede à Adobe uma licença não-exclusiva, mundial e isenta de royalties para operar os serviços e software em nome do usuário, incluindo direitos para reproduzir, distribuir, criar obras derivadas, exibir publicamente, executar publicamente e sublicenciar o conteúdo do usuário. Isso significa que a Adobe pode fazer praticamente qualquer coisa com a propriedade intelectual dos usuários, graças aos amplos limites dos termos.

Matheus Costa destacou uma brecha interessante: os termos garantem à Adobe direitos para coleta de dados para “melhorias dos softwares”, um termo vago que pode justificar a adoção e desenvolvimento de modelos de IA pela Adobe para outras finalidades, além da produção artística.

A Insatisfação Generalizada

As mudanças nos termos de uso foram a gota d’água para muitos usuários. Comentários em vídeos oficiais da Adobe, redes sociais e fóruns estão repletos de críticas e despedidas amargas. A situação foi exacerbada pelo aumento contínuo dos preços das assinaturas da Creative Cloud. Desde 2017, o valor mensal subiu de R$ 265 para R$ 410, tornando-se um peso significativo no orçamento de muitos profissionais criativos.

Além dos custos crescentes, muitos usuários relataram problemas de estabilidade e desempenho com os softwares da Adobe. Bugs frequentes, atualizações problemáticas e a necessidade constante de estar conectado à internet para usar os programas são reclamações comuns.

Apresentamos alternativas à Adobe

Para aqueles que estão prontos para deixar a Adobe, há várias alternativas viáveis no mercado. Dois dos principais concorrentes são o Affinity Designer e o DaVinci Resolve. O Affinity Designer é uma suíte que oferece ferramentas comparáveis ao Photoshop, Illustrator e InDesign, com a vantagem de um pagamento único, sem a necessidade de assinaturas mensais. A Affinity também lançou recentemente uma promoção com 50% de desconto e seis meses de teste gratuito para atrair novos usuários.

O DaVinci Resolve é uma excelente alternativa ao Premiere Pro e After Effects, oferecendo poderosas ferramentas de edição de vídeo e correção de cor. Além disso, o DaVinci Resolve é compatível com Linux, permitindo que os usuários se libertem ainda mais das restrições impostas por sistemas proprietários.

Para quem busca soluções gratuitas de código aberto, há uma vasta gama de opções disponíveis, como:

  • GIMP: Uma alternativa robusta ao Photoshop, com uma grande comunidade de usuários e desenvolvedores;
  • Inkscape: Um editor de gráficos vetoriais que rivaliza com o Illustrator;
  • Blender: Uma poderosa ferramenta de modelagem 3D e animação, que pode substituir o After Effects em muitas situações;
  • Krita: Ideal para pintura digital e ilustração, competindo com o Corel Painter e o Photoshop.

A decisão de abandonar a Adobe não é fácil e depende das necessidades específicas de cada usuário. No entanto, com a crescente insatisfação e as alternativas viáveis disponíveis, é cada vez mais possível trabalhar sem os produtos da Adobe.

Se você está considerando essa mudança, recomendamos avaliar os custos da transição e também os termos de uso e políticas de privacidade de qualquer software que decidir utilizar. A era da dependência exclusiva da Adobe pode estar chegando ao fim, e cabe a cada um de nós decidir qual caminho seguir. 

Você já experimentou migrar da Adobe para outros softwares? Conte para a gente sobre suas experiências e expectativas e interaja com a comunidade do fórum Diolinux Plus!

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