O mundo do Linux é um terreno fértil para debates acalorados, experimentações ousadas e, claro, aquela sensação de que as coisas poderiam ser diferentes se estivéssemos no comando. Quem nunca olhou para uma decisão da Canonical, da Red Hat ou da System76 e pensou: “Por que não fizeram assim?” ou “Se eu estivesse no lugar deles, mudaria isso na hora!”?
Pois bem, no Diolinux responde de hoje, por meio das perguntas enviadas pelos membros do canal, vamos mergulhar nesse exercício de imaginação e estratégia. Nos colocaremos no papel de quem toma as decisões nessas empresas e explorar o que poderíamos fazer para moldar o futuro da distro. Será que o Ubuntu ainda tem espaço para brilhar no desktop? Os Snaps são realmente um problema ou apenas um bode expiatório? E como empresas como a Red Hat e a System76 poderiam se reposicionar no mercado?
O Ubuntu no desktop: entre a tradição e a necessidade de reinvenção

Houve um tempo em que o Ubuntu era a porta de entrada mais óbvia para o mundo Linux. Ele chegou com a promessa de um sistema que simplesmente funcionava, um Linux para humanos, sem exigir que o usuário soubesse editar arquivos de configuração ou compilar drivers. Essa abordagem revolucionária conquistou milhões de usuários e ajudou a popularizar o Linux como uma alternativa viável ao Windows e macOS.
No entanto, o cenário atual é diferente. Distribuições como Linux Mint, Zorin OS e Pop!_OS refinam ainda mais a experiência do usuário, oferecendo interfaces mais polidas, melhor suporte a drivers e, em alguns casos, até mesmo uma transição mais suave para quem vem do Windows. O Ubuntu, por outro lado, parece ter estagnado. Não que ele tenha piorado, na verdade, ele continua sendo uma distribuição sólida e confiável, mas o que antes era um diferencial agora é apenas mais uma opção em um mar de alternativas.
Isso nos leva a uma pergunta inevitável: o que está segurando o Ubuntu?
Snaps vs. Flatpaks
Se há um tema que divide a comunidade Ubuntu, esse tema é o Snap. A tecnologia em si não é ruim, na verdade, ela tem vantagens claras em ambientes corporativos e de servidor, onde o isolamento de aplicações e as atualizações automáticas são bem-vindas. O problema é que, no desktop, os Snaps enfrentam resistência por vários motivos.
Primeiro, há a questão do desempenho. Muitos usuários relatam que aplicativos em Snap têm uma inicialização mais lenta em comparação com suas versões em Flatpak ou pacotes nativos. Isso pode não ser um problema para quem usa o computador apenas para tarefas básicas, mas para quem busca fluidez e responsividade, a diferença é perceptível.
Depois, há o problema da disponibilidade de software. Enquanto o Flathub reúne uma quantidade impressionante de aplicativos — muitos deles com versões oficiais mantidas pelos próprios desenvolvedores —, a Snap Store ainda depende muito de empacotamento feito pela Canonical. Isso significa que, em alguns casos, as versões disponíveis no Snap podem estar desatualizadas ou ter problemas de compatibilidade.
E, por fim, há a questão da adoção pelos desenvolvedores. Se você é um usuário que joga no Linux, por exemplo, vai notar rapidamente que ferramentas como Lutris, Heroic Games Launcher e Bottles estão disponíveis apenas no Flathub. O mesmo vale para outros aplicativos essenciais para workflows específicos.
E se a Canonical abraçasse o Flatpak?
Imagine um cenário onde a Canonical decide fazer uma mudança radical: remover a Snap Store como padrão e substituí-la pela GNOME Software com Flathub integrado. Os Snaps ainda existiriam, mas como uma opção voltada para servidores e desenvolvedores, transformando a Snap Store em uma plataforma focada em aplicações empresariais, concorrendo diretamente com o Docker Hub.
Será que essa mudança tornaria o Ubuntu mais atraente para o usuário comum? Ou será que a Canonical deveria, em vez disso, dobrar a aposta nos Snaps e trabalhar para conquistar os desenvolvedores, garantindo que mais aplicativos tenham versões oficiais na Snap Store?
Red Hat e System76: o que faríamos no lugar deles?
Enquanto o Ubuntu navega por águas turbulentas no desktop Linux, outras empresas têm estratégias bem diferentes.
Red Hat: o poderoso (e quase invisível) gigante
A Red Hat domina o mercado corporativo com seu Red Hat Enterprise Linux (RHEL), mas sua presença no mundo desktop é quase inexistente para o usuário comum. O Fedora, sua distribuição comunitária, é adorado por entusiastas, mas não tem o mesmo apelo massivo do Ubuntu.
Se pudéssemos influenciar a Red Hat, talvez sugeríssemos um investimento mais agressivo no Fedora como uma distribuição desktop de ponta, competindo diretamente com Ubuntu e Pop!_OS. Além disso, uma comunicação mais clara e acessível poderia ajudar a empresa a sair da bolha corporativa e reconquistar o interesse do público geral.
System76: o underdog que pode surpreender
A System76 tem um posicionamento único: ela não apenas desenvolve uma distribuição (Pop!_OS), mas também produz hardware otimizado para Linux. Com a nova interface COSMIC, baseada no Rust, a empresa está mostrando que não tem medo de inovar.
Se estivéssemos no comando, provavelmente faríamos um marketing mais agressivo, posicionando o COSMIC como uma alternativa ainda mais robusta ao GNOME e KDE, além de ajudar a popularizar o Pop!_OS para além do nicho de entusiastas.
Linux em empresas

Muitas empresas consideram migrar do Windows para o Linux, seja por custos, segurança ou simplesmente para fugir do controle excessivo da Microsoft. Nesse cenário, o Ubuntu ainda é uma das opções mais viáveis, graças a:
- Sua integração relativamente simples com Active Directory, algo que muitas outras distros ainda não fazem de forma tão eficiente;
- Uma base sólida de documentação e suporte corporativo, essencial para ambientes empresariais;
- Facilidade em configurar servidores (Samba, proxy, firewall, etc.) sem precisar de soluções extremamente customizadas.
No entanto, alternativas como Debian puro ou Univention Corporate Server também têm seus méritos, especialmente para empresas que preferem um controle mais granular sobre seus sistemas.
Blogs pessoais: um refúgio num mundo de redes sociais efêmeras

Em uma era dominada por algoritmos, curtidas e conteúdos descartáveis, os blogs pessoais parecem uma relíquia do passado. Mas será que eles ainda têm valor?
A resposta é um sonoro sim. Um blog oferece liberdade para escrever sem limites de caracteres, sem depender de plataformas que podem mudar as regras do jogo a qualquer momento. Além disso, é uma forma incrível de documentar aprendizados, compartilhar ideias e até mesmo construir uma reputação na área de tecnologia.
Se você tem algo a dizer, um blog pode ser um espaço muito mais autêntico e duradouro do que um perfil em redes sociais, por onde podemos nos expressar de forma pessoal ou profissional.
Dito isso, não acompanhamos nenhum blog pessoal em específico, mas eventualmente nos deparamos com algum durante nossa navegação pela internet.
O fim do Windows 10 é uma oportunidade para o Linux?

Com o fim do suporte ao Windows 10 se aproximando (outubro de 2025), milhões de máquinas ficarão sem atualizações de segurança. Muitos usuários e empresas considerarão migrar para o Linux, e aqui está uma chance de ouro para distribuições como o Ubuntu se posicionarem como alternativas viáveis.
Para isso, porém, as entidades e comunidades do ecossistema Linux precisam:
- Oferecer substitutos convincentes para aplicativos Windows, deixando claro que LibreOffice, GIMP e outras ferramentas são opções válidas;
- Manter a compatibilidade com hardware antigo, já que muitas máquinas que rodam Windows 10 não serão atualizadas para Windows 11;
- Continuar simplificando o processo de instalação e configuração, reduzindo a necessidade de intervenção via terminal.
Se o Linux quiser capturar essa onda de migração, precisa ser mais convidativo do que nunca. E claro, teremos mais conteúdos sobre este assunto, quando estivermos mais próximos do fim do suporte oficial ao Windows 10.
O Diolinux Responde é um quadro mensal, onde membros do canal podem participar enviando suas perguntas. E este é apenas um dos múltiplos benefícios de ser membro. Venha fazer parte desta comunidade!