Montar um homelab e ter um servidor em casa para hospedar serviços como Jellyfin, Plex ou um servidor de arquivos local é uma ideia extremamente atraente para entusiastas de tecnologia. No entanto, como tudo na vida, essa empreitada vem com seus próprios desafios e dilemas. Quando decidimos embarcar nessa jornada, geralmente nos deparamos com duas opções principais, cada uma com suas vantagens e limitações.
O primeiro caminho disponível é optar por soluções prontas como os dispositivos Synology. Esses sistemas oferecem uma experiência plug-and-play que certamente agrada aos usuários que buscam praticidade acima de tudo. Basta conectar, configurar rapidamente por meio de uma interface amigável e pronto – você tem um servidor funcional sem precisar de conhecimentos técnicos avançados. No entanto, essa conveniência tem seu preço, e não estamos falando apenas do custo monetário.
Os sistemas prontos como Synology frequentemente apresentam hardware menos potente em relação ao valor investido. Além disso, a flexibilidade para personalização e instalação de sistemas operacionais alternativos é bastante limitada. Você fica preso ao ecossistema do fabricante, com poucas opções para expandir ou modificar significativamente o funcionamento do dispositivo.
O segundo caminho, mais desafiador mas que pode ser mais recompensador, é construir seu próprio servidor do zero. Essa abordagem DIY (Do It Yourself) permite total liberdade na escolha de componentes e sistemas operacionais. Você pode montar uma máquina poderosa com peças cuidadosamente selecionadas e instalar desde o Ubuntu Server até o TrueNAS, criando exatamente o sistema que precisa.
Porém, essa liberdade tem seu preço em termos de complexidade. Montar e configurar um servidor DIY exige conhecimentos técnicos mais avançados, paciência para resolver problemas de compatibilidade e tempo dedicado à manutenção contínua. Não é uma solução ideal para quem busca simplicidade ou não tem familiaridade com administração de sistemas.
O melhor dos dois mundos: conhecendo o Zimaboard 2
Foi nesse contexto que surgiu o Zimaboard 2, uma solução que pretende oferecer um meio-termo interessante entre as duas abordagens tradicionais. Esse pequeno dispositivo compacto combina características de soluções prontas com a flexibilidade de sistemas DIY, criando uma categoria própria no mercado de servidores domésticos.

O Zimaboard 2 vem equipado com o ZimaOS, um sistema operacional baseado em Linux derivado do CasaOS. Essa escolha não é aleatória – o CasaOS já havia se estabelecido como uma opção acessível e amigável para usuários iniciantes, e o ZimaOS leva essa abordagem um passo adiante, com otimizações específicas para hardware da Zima.

O que realmente diferencia o Zimaboard 2 é sua capacidade de servir tanto como solução pronta quanto como plataforma altamente personalizável. Por um lado, ele oferece uma experiência quase plug-and-play para usuários menos técnicos que desejam apenas configurar rapidamente um servidor de mídia ou armazenamento. Por outro, mantém portas abertas para customizações avançadas, graças ao seu hardware versátil e suporte a múltiplos sistemas operacionais.
Unboxing do Zimaboard 2
A experiência de desembalar o Zimaboard 2 já revela muito sobre a filosofia por trás do produto. A embalagem biodegradável, projetada para minimizar o impacto ambiental, demonstra uma preocupação com sustentabilidade. A ausência de plásticos na caixa (pelo menos na teoria – os correios sempre insistem em adicionar suas fitas adesivas) é um detalhe que certamente agradará aos consumidores ecologicamente conscientes.

Dentro da caixa, encontramos o dispositivo principal com seu gabinete de alumínio de alta qualidade, que além de esteticamente agradável, serve como um eficiente dissipador de calor passivo. A inclusão de uma fonte de alimentação de 12V com adaptadores internacionais mostra que a Zima pensou nos usuários globais, enquanto os cabos SATA e o suporte/stand incluídos demonstram atenção aos detalhes que facilitam a vida do usuário final.

O design do Zimaboard 2 tem uma construção robusta, adequada para operação contínua como servidor. A ausência de ventoinhas não é por acaso – o alumínio do gabinete e o baixo consumo do processador Intel N150 permitem um resfriamento eficiente sem partes móveis, resultando em operação completamente silenciosa.

ZimaOS: simplicidade sem limitações
O sistema operacional padrão do Zimaboard 2, o ZimaOS, merece uma análise detalhada. Baseado no CasaOS, ele mantém a filosofia de interface amigável e configuração simplificada, mas adiciona otimizações específicas para o hardware da Zima e funcionalidades adicionais voltadas para uso em servidores.
A interface web do ZimaOS é intuitiva e organizada, com uma loja de aplicativos que permite instalar com poucos cliques serviços populares como Plex, Jellyfin, Nextcloud e ferramentas de monitoramento como Uptime Kuma.

O que diferencia o ZimaOS de soluções similares é seu equilíbrio entre simplicidade e poder. Enquanto sistemas como o do Synology muitas vezes escondem configurações avançadas atrás de camadas de simplificação, o ZimaOS permite fácil acesso a ferramentas mais poderosas quando necessário, sem sacrificar a experiência do usuário iniciante.
Especificações e possibilidades
O coração do Zimaboard 2 é o processador Intel N150, um chip de baixo consumo (apenas 6W TDP) mas com clock que pode chegar a 3.6GHz. Com seus 4 núcleos e 4 threads, ele oferece desempenho mais que suficiente para tarefas típicas de servidor doméstico, enquanto mantém um consumo energético mínimo – fator importante para dispositivos que ficam ligados 24/7.
A presença de um slot PCIe 3.0 abre um leque impressionante de possibilidades de expansão. Desde placas de rede adicionais para transformar o Zimaboard em um roteador pfSense até GPUs discretas para aceleração de transcodificação de mídia, essa interface permite adaptar o dispositivo a necessidades específicas que vão muito além do uso como simples NAS.

As duas portas SATA integradas, combinadas com a possibilidade de expansão via PCIe, permitem configurações de armazenamento flexíveis. A dupla porta Gigabit Ethernet é outro destaque, permitindo desde balanceamento de carga até configurações mais avançadas como roteamento ou segmentação de redes. Para usuários que desejam experimentar com virtualização ou containers, essa característica é particularmente valiosa.

A multifuncionalidade do Zimaboard 2
Embora projetado principalmente como servidor, o Zimaboard 2 revela-se um dispositivo surpreendentemente versátil. A presença de saída HDMI e suporte a sistemas operacionais desktop abre possibilidades interessantes:

Como mini PC desktop, ele pode rodar desde distribuições Linux até Windows. O desempenho do Intel N150 é suficiente para navegação web, produtividade básica, jogos leves e até reprodução de mídia em 4K com aceleração de hardware.
Para desenvolvedores e entusiastas de IoT, o Zimaboard 2 serve como uma plataforma compacta e eficiente para prototipagem e testes. A possibilidade de instalar diferentes sistemas operacionais e acessar diretamente o hardware via PCIe o tornam particularmente atraente para esses usos.
Em ambientes educacionais, sua combinação de simplicidade e capacidade de customização o torna uma ferramenta para ensino de redes, sistemas operacionais e computação em geral. Estudantes podem começar com a interface amigável do ZimaOS e gradualmente explorar configurações mais avançadas.
Em testes práticos, o Zimaboard 2 mostrou-se capaz de lidar com múltiplas tarefas simultâneas sem grandes problemas. O consumo energético extremamente baixo (em torno de 6-10W em operação normal) é um argumento convincente para quem planeja deixar o dispositivo ligado continuamente. Comparado a um PC tradicional adaptado como servidor, a economia na conta de energia pode ser significativa ao longo do tempo.
Para usuários que desejam começar com um homelab, o Zimaboard 2 representa uma opção extremamente atraente. Ele elimina muitas das barreiras de entrada do mundo dos servidores caseiros, enquanto mantém portas abertas para crescimento e customização conforme as necessidades e conhecimentos do usuário evoluem. Provavelmente, as maiores barreiras para a sua aquisição é que ele ainda se encontra em estágio e de financiamento coletivo e, claro, os impostos de importação.
E este não é o único mini PC que testamos recentemente! Conheça o LattePanda 3 Delta, uma alternativa com proposta diferente, que podemos posicionar entre um Zimaboard e um Raspberry Pi.