EndeavourOS é uma boa alternativa fácil ao Arch Linux?
Três anos se passaram desde nosso último encontro com o EndeavourOS, aquela distribuição baseada no Arch Linux que prometia trazer a potência do Arch com uma pitada de acessibilidade. Na época, nossa impressão foi a de um sistema funcional, porém pouco inspirador – basicamente um Arch com roupagem espacial e alguns scripts úteis. Mas eis que surge um membro do nosso Discord VIP, o Matheus Geres, afirmando: “As coisas no Endeavour estão bem diferentes agora!”. Será que finalmente temos uma distro Arch verdadeiramente amigável?
A evolução visual e a instalação
Ao iniciar o EndeavourOS pela primeira vez em 2025, a mudança mais visível é a substituição do XFCE pelo KDE Plasma como ambiente padrão na ISO live. A temática espacial continua presente, agora com tons de roxo mais vibrantes e um visual geral mais polido. O instalador continua sendo o Calamares, mas com algumas adições interessantes: suporte para múltiplos kernels (incluindo versões LTS), seleção de drivers de vídeo durante a instalação e a possibilidade de escolher entre diferentes ambientes de desktop.

No entanto, nossa experiência inicial não foi tão suave quanto gostaríamos. Em uma máquina virtual, o instalador travou completamente nos míseros 12% de progresso por algum motivo que não ficou realmente claro.

Uma vez instalado diretamente no computador, o EndeavourOS se revela um sistema peculiar. O aplicativo de boas-vindas serve como central para diversas tarefas administrativas. Aqui encontramos desde ferramentas para atualizar mirrors até opções para instalar aplicativos populares. É uma abordagem interessante, mas um tanto carregada de configurações excessivamente técnicas, além disso,- muitos desses “atalhos” simplesmente abrem o navegador para páginas de documentação em vez de oferecer interfaces gráficas completas.

O gerenciamento de pacotes é onde o EndeavourOS mostra suas raízes Arch. O Yay vem pré-instalado para acesso ao AUR, e há diversos scripts úteis para manutenção do sistema. No entanto, a ausência de uma loja de aplicativos como a GNOME Software é sentida – enquanto no Arch com GNOME é possível gerenciar aplicativos como os Flatpaks graficamente, aqui o usuário precisa recorrer ao terminal ou a soluções alternativas.

Uma curiosidade é a redundância de aplicativos em algumas áreas. O KDE Plasma vem com três players de mídia diferentes (Haruna, MPV e VLC) e dois editores de texto (Kate e KWrite). São escolhas que deixam a desejar em termos de curadoria.

O dilema EndeavourOS vs Arch Puro
A grande questão que se coloca é: vale a pena usar o EndeavourOS em vez do Arch Linux tradicional? A resposta depende do seu perfil. Se você já se aprofundou um pouco no Arch, a maioria dos recursos do EndeavourOS pode ser replicada. O archinstall, o instalador facilitado oficial do Arch, já oferece uma experiência consideravelmente simples, e ferramentas como o Yay podem ser instaladas manualmente em minutos.
Por outro lado, para quem está dando os primeiros passos no mundo Arch, o EndeavourOS oferece alguns facilitadores genuínos. O reflector pré-configurado, os scripts de manutenção e a seleção de kernels durante a instalação podem poupar horas de pesquisa e configuração manual. Por outro lado, para iniciantes em Linux, ele pode ser algo técnico demais. É uma espécie de “Arch com rodinhas” – ainda exige conhecimento, mas reduz a curva de aprendizado.
No ecossistema Arch, outras distribuições oferecem abordagens diferentes. O Manjaro, por exemplo, é mais polido, mas diverge dos repositórios oficiais do Arch. O Garuda Linux aposta em desempenho e recursos para gaming. O Big Linux oferece uma experiência mais voltada para usabilidade geral, em especial para o público brasileiro.
E para quem só quer o AUR em um sistema mais estável? Soluções como qualquer distro de sua preferência + Distrobox podem ser opções interessantes, permitindo rodar pacotes do Arch no ambiente onde você se sente mais confortável sem grandes complicações.