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GNOME e sua estratégia de UX Design

Recentemente postei aqui no blog Diolinux minha visão quanto ao tema “design no Linux”, seja nas distros ou aplicativos. Hoje trago um resumo e considerações de uma série de postagens de um dos principais designers do time de desenvolvimento GNOME.      

Saber onde almeja chegar é um passo importante para qualquer projeto. Afinal, se você não sabe onde é seu destino, qualquer lugar serve. Isso pode ser bom em alguns casos, porém na maioria esmagadora o resultado não é dos melhores. Design é passível de interpretação e pode ser considerado como arte. Obra-prima para uns, lixo para outros. Todavia, não podemos negar que exista uma lógica e um design por trás de projetos, como GNOME, KDE, Deepin, Elementary OS, entre outros. Não falo apenas de beleza, mas da experiência em que a pessoa terá ao interagir com o ambiente gráfico e seus programas. Simplificando grosseiramente, isso é UX Design. Não basta ser bonito, tem que ser o mais intuitivo e funcional possível. Se um software é mal construído, seus usuários irão ter uma péssima experiência de uso. Você gostando ou não, o GNOME possui uma lógica de funcionamento.  

Membro da equipe de designers para desktop da Red Hat, um dos principais designers do GNOME, Allan Day, fez uma série de artigos informando os rumos e diretrizes de design em que a equipe do projeto quer tomar. Após a GUADEC (Conferência Europeia do Usuário e Desenvolvedor do GNOME) na Grécia, Allan decidiu criar as postagens explicando mais algumas experiências adquiridas e caminhos almejados pelo GNOME. Recomendo a leitura da primeira postagem, abordando seu aprendizado com a troca de experiências com outras pessoas na conferência.  

Estratégia de UX para o GNOME

O contato com os mais diversos usuários e membros do GNOME possibilitou a criação de estratégias que potencialmente farão parte do GNOME UX. Esses objetivos são uma resposta a pesquisa analisada e que pode apontar o caminho do sucesso no mercado de desktops. Tudo isso subdividido em metas:  

Sempre entregar qualidade 

Essa é a meta número 1, oferecer qualidade em todo ecossistema GNOME, incluindo a aparência e design do software e sem esquecer sua usabilidade e experiência do usuário. Melhor desempenho e solução de bugs, também são considerados como aspectos da UX.   

GNOME e a Nuvem

Aplicações em nuvem, a exemplos de apps em Electron e Progressive Web Apps. Poderão ser incluídos no sistema, junto a funcionalidades que integrem, quando possível, o GNOME com serviços já existentes.  

Crescimento do ecossistema de apps GNOME

Um dos principais objetivos de uma plataforma como o GNOME é executar aplicativos, portanto, é lógico que o número e a qualidade dos apps oferecidos é crucial. O Flatpak permitiu a distribuição facilitada de muitos softwares, contudo há muito trabalho a ser feito em torno da plataforma de desenvolvimento de programas do GNOME.  

Suporte a hardware moderno

Atualmente grande parte deste trabalho é feito pelas distribuições, entretanto outros aspectos, como suporte a alta definição, telas sensíveis ao toque, e muito mais estão sob responsabilidade do GNOME. Este trabalho é importante, pois segundo Allan em sua pesquisa, a escolha entre SO e hardware normalmente estão entrelaçados. Assim o GNOME precisa sempre suportar os mais recentes hardwares do mercado.  

Priorizar e obter maior impacto 

Os recursos do GNOME são limitados, então priorizar e saber direcionar os recursos para seus devidos lugares é essencial para potencializar e impactar o máximo possível. Priorizar recursos utilizados em maior escala pelos usuários, em detrimento de funções pouco utilizadas, é a forma mais inteligente de aprimorar as features mais importantes para os usuários. Investimento no kit de ferramentas é uma questão que pode beneficiar todo um conjunto de apps que valem do GTK. Ao mesmo tempo, existe a necessidade de conversas e decisões que impactem um menor número possível de pessoas, dando maior atenção aos mais usados e em alguns casos, diminuindo a quantidade de software em detrimento da primeira meta, manter sempre a qualidade. Obviamente, que esse tipo de assunto deve ser tratado com delicadeza. Afinal, os recursos não são substituíveis em um projeto upstream como o GNOME, e os colaboradores podem e devem ser livres para trabalhar no que desejam.  

Podemos observar que priorizar os recursos utilizados, na maior parte do tempo pelos usuários, e visar a qualidade é uma das diretrizes mais consolidadas nessa estratégia. Mas o que especificamente isso quer dizer? A seguir irei demonstrar alguns conceitos em que Allan disponibilizou, acreditando que o polimento de recursos básicos e essenciais é a chave para potencializar a melhora de experiência do usuário final.  

Desbloquear e fazer login

Começando pela tela de desbloqueio/login que é no caso de muitos, o primeiro contato com o sistema. Muitas pessoas utilizam esse recurso o tempo todo, então podemos dizer que ele é o exemplo perfeito de feature a receber enorme atenção pelos designers do GNOME. A equipe vem desenvolvendo o UX, veja abaixo um mockup do recurso.  

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Notificações

Outro ponto importantíssimo é a área de notificações do sistema, diariamente interajo com os diversos programas em meu sistema e receber e poder visualizar facilmente/intuitivamente as notificações, potencializa a utilização no dia a dia.  

Segundo Allan Day, “A equipe de design tem revisado sistematicamente quase todas as partes do sistema principal do GNOME, com o objetivo de polir e refiná-las. Parte deste trabalho já chegou ao GNOME 3.34, onde você verá uma coleção de melhorias no estilo visual”.  

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Menu e elementos da interface

Com projetos de um menu do sistema atualizado, que se destina e resolver problemas conhecidos de longa data. A equipe vem trabalhando em vários aspectos, por exemplo, as caixas de diálogo do sistema e muito mais. O menu do sistema também receberá novidades e melhorias de UX, “já fizemos algum trabalho experimental nessa área e estamos planejando desenvolver o trabalho de arrastar e soltar que Georges Stavracas realizou no GNOME 3.34”, diz Allan Day. Inclusive fizemos recentemente uma postagem com algumas novidades da versão 3.34 do GNOME.  

Apps

Atualmente a equipe de design já dedica muito tempo em aplicativos essenciais, como Configurações, GNOME Software e o Nautilus. Seguindo este conceito de priorização, outros apps de uso básico, também foram analisados. Dois exemplos que Allan menciona, são: o visualizador de documentos e imagens.   

Segundo ele, “hoje, os visualizadores de documentos e imagens fazem seu trabalho razoavelmente bem, mas eles não têm refinamento em algumas áreas e nem sempre aparentam pertencer ao restante do sistema. Eles também carecem de alguns recursos críticos.”  

Veja abaixo o mockup do visualizador de documentos.  

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E um mockup do visualizador de imagens.  

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Por este motivo foram criados designs atualizados usando os mesmos padrões visuais para esses softwares, para que pareçam pertencer um ao outro. Alguns recursos foram adicionados, a edição simples de imagem é um deles, algo que os usuários mencionaram. Existe a intenção de estender os planos para outros aplicativos básicos mais utilizados do GNOME, o editor de texto Gedit e o reprodutor de vídeos podem ser aprimorados.  

Muitos outros aplicativos e partes do sistema estão sendo reestruturados, quando o assunto é UX Design, todavia Allan Day deixou claro que o foco da equipe são os mais utilizados e não faz sentido ele compartilhar outros sem esse nível de prioridade.  

Plataforma de desenvolvimento 

Facilitar a vida do desenvolvedor GNOME é um ponto importante. Priorizar a plataforma de desenvolvimento faz com que cada aplicativo pareça ter uma melhor consistência visual, portanto, pode ser uma maneira extremamente eficaz de melhorar o GNOME UX.   

Novamente, essa é uma área em que a equipe de design vem realizando um grande esforço nos últimos tempos, principalmente em torno dos ícones do sistema. Além dos ícones outros aspectos do GTK estão sendo trabalhados, pois nem todos os widgets respeitam um mesmo padrão de design, dificultando em muitos casos a implementação de projetos de aplicativos GNOME, resultando em uma qualidade em que os designers não gostariam. Por tal motivo os designs do GNOME estão revisando cada um dos padrões de design do projeto, de modo a manter a melhor qualidade possível e que seja totalmente suportado.  

“Queremos que cada padrão tenha uma ótima aparência, funcione muito bem e seja fácil para os desenvolvedores de aplicativos usarem. Até o momento, temos novos designs de menus, listas suspensas, caixas de listagem e notificações no aplicativo, e há mais por vir. Essa iniciativa está em andamento e precisamos da ajuda de desenvolvedores de plataformas e kits de ferramentas para concluí-la”, diz Allan Day.  

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Recomendo a leitura da série de postagens do Allan Day, muita coisa esclarecedora pode ser obtida nessas matérias. Algumas declarações do mesmo em que gostaria de destacar são:  

“O UX é mais que a interface do usuário: é tudo o que compõe a experiência do usuário. Como tal, o que apresentei aqui representa apenas uma fração do que seria necessário incluir em uma estratégia abrangente de UX”.  

“Como um projeto aberto e upstream, o GNOME não tem controle direto sobre quem trabalha em quê. No entanto, é capaz de influenciar informalmente onde os recursos vão, seja por prioridades de publicidade, incentivando contribuições em áreas específicas ou acompanhando o progresso em direção às metas”.  

Você pode ler a parte 1, parte 2 e parte 3 diretamente no blog do GNOME, caso queira maiores detalhes.  

Gosto de ver toda essa movimentação e vai bem ao encontro da postagem que escrevi recentemente, toda essa estratégia só tende a beneficiar os usuários e aumentar a competitividade do desktop Linux no mercado. Obviamente que nem tudo são flores, e alguns encalços podem aparecer em meio ao caminho. Algo que poderia ser melhorado é a interação entre os usuários e desenvolvedores do GNOME, dando mais ouvidos aos utilizadores e quem sabe incorporando as extensões mais utilizadas no Shell nativamente.  

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Fonte: GNOME.


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