Tecnologia

Microsoft entra para a Open Invention Network e libera 60 mil patentes para Linux

E esse ano de 2018, hein?!? Surpreendente em vários sentidos, especialmente na relação da Microsoft com a comunidade Open Source. Antes de te contar “a mais nova novidade do bairro”, vamos fazer uma breve recapitulação de coisas que aconteceram neste ano.

Ainda hoje, toda movimentação que a Microsoft faz em prol do Open Source (ao menos aparentemente) ainda levanta suspeitas, naturalmente isso vem de décadas passadas onde a empresa se posicionou de forma contrária a esse tipo de iniciativa, não julgo quem pensa dessa forma, e digo mais, entendo perfeitamente.

Na verdade, até mesmo a Microsoft entende essa preocupação de parte da comunidade Open Source, no anúncio recente da adesão à OIN (Open Invention Network), Erich Andersen, Vice-Presidente Corporativo, Conselheiro Geral Adjunto da Microsoft, comenta:

“We know Microsoft’s decision to join OIN may be viewed as surprising to some; it is no secret that there has been friction in the past between Microsoft and the open source community over the issue of patents. For others who have followed our evolution, we hope this announcement will be viewed as the next logical step for a company that is listening to customers and developers and is firmly committed to Linux and other open source programs. “

Vamos voltar no tempo?

O que você estava fazendo no início do ano? Pode não parecer, mas 2018 já está em seu final e muita coisa interessante aconteceu nesse “embolado” da Microsoft com a cultura Open Source.

Skype em Snap

Em 3 de Fevereiro de 2018 nós estávamos anunciando a disponibilidade do Skype em formato Snap, compatível com a nova loja de aplicativos da Canonical, empresa que desenvolve o Ubuntu.

Essa medida iguala o software Skype às versões disponíveis para Windows e macOS, dando aos usuários de Linux basicamente a mesma experiência em qualquer plataforma. Como os pacotes Snap são “universais” e podem ser usados em qualquer distribuição Linux, isso leva  o Skype para qualquer lugar.

Azure Sphere OS – A distro Linux da Microsoft

Pouco tempo depois, em Abril, uma nova notícia surpreendente. Está claro que o principal interesse da Microsoft em usar tecnologias abertas (no momento) é deixar a sua plataforma de infraestrutura e serviços em nuvem mais robusta e segura, no entanto, outro segmento importante para o futuro é o IoT (Internet of Things) e foi assim que nasceu o Sphere OS.

Um sistema operacional da Microsoft, baseado em Linux, para ser usado em “Internet das Coisas”.

Compra do GitHub

Em Junho a Microsoft demonstrou o seu interesse,  não só em fazer parte da comunidade Open Source, mas também de ser “a estrutura” para o desenvolvimento dela. 

A compra do GitHub, como era de se esperar, gerou muitos debates sobre a “benevolência” da Microsoft e fez com que muitas pessoas passassem a usar alternativas, como o GitLab. Passando alguns meses, o GitHub continua firme e forte e as pessoas passaram a ter mais opções.

SUSE e Microsoft de “mãos dadas”

Outra grande empresa do mundo Open Source é a SUSE, que agora com maior autonomia, trabalhou, em conjunto com a Microsoft, para oferecer o primeiro Kernel Linux Enterprise otimizado para o Azure.

O que nos leva a última novidade até o momento, a união ao OIN, porém, muitas outras coisas aconteceram, algumas maiores e mais chamativas, outras menores, mas igualmente importantes, ao longo dos últimos dois anos especialmente. Para saber mais das aventuras da Microsoft no mundo Open Source visite essa categoria aqui do blog.

Adesão ao Open Invention Network

Antes de mais nada, do que se trata a OIN?

OIN - Open Invention Network

A OIN, ou “Open Invention Network”, é uma organização ou comunidade que agrupa várias empresas do mundo em um acordo de não usar suas patentes em “agressão” ao movimento Open Source, especialmente o Linux.

De forma geral, as empresas que fazem parte da OIN acordam em não viabilizar o famoso “Embrace, Extend and Extinguish”, popularizado pela própria Microsoft nos anos 90, onde a utilização de uma tecnologia em conjunto com a de outra empresa acontecia e então uma delas acabava inviabilizando o negócio por conta de patentes.

Esse grupo é formato por milhares de instituições que querem usar as suas tecnologias em conjunto com o Linux, mas não querem que as patentes de suas tecnologias interfiram na adoção das mesmas, fazem parte do grupo empresas como Google, SpaceX, Canonical, Red Hat, Samsung, Canon, Philips, IBM e muitas outras.

A Microsoft, e todas as demais empresas participantes, sabem que ninguém confiará em desenvolver uma tecnologia baseada em Linux com a inclusão de tecnologia alheia caso, ou mesclando coisas, se existir o perigo de haver uma reviravolta legal no futuro, e no mundo de cloud computing, confiança é tudo, afinal, seus serviços e os seus dados (e dos seus clientes) estarão rodando ali.

Outro ponto é que para distribuir software de forma integrada ao Linux não se pode ferir o licenciamento do Kernel, que impede que algo seja redistribuído caso uma de suas patentes entrem em conflito. Ou seja, uma vez aberto o código, fechar não é tão simples.

A entrada da Microsoft e a liberação de 60 mil patentes pertencentes a ela para ION deixa de onerar o desenvolvimento de certas tecnologias, incluindo o próprio Android, para outras empresas que também compartilham desse tipo de tecnologia, como a Samsung e a Google. Esse tipo de medida, permite que outras empresas utilizem tecnologias da Microsoft em conjunto com o Linux sem entrar em conflito com outras licenças, como a própria GPL, garantindo que uma vez algo integrado, a empresa não possa simplesmente “cobrar por isso”.

A estratégia de faturamento da Microsoft parece ter mudado drasticamente, abrir mão de tantas patentes que geram bilhões em receitas anuais só vem pela crença de que ao fazer isso, no futuro muitos outros bilhões virão, sem dúvida, e não há problemas com isso do meu ponto de vista.

Diferente de softwares proprietários, onde, geralmente, uma única empresa o detém, um software como o Linux é mantido e usado por inúmeras companhias ao redor do mundo e simplesmente não pode ser fechado ou inviabilizado graças ao Copyleft. A verdade é que a Microsoft chegou atrasada nesse mundo de Cloud, assim como chegou com os Smartphones no “boom” da era mobile, e certamente eles não querem que aconteça o mesmo que aconteceu com o Windows Phone.

A empresa parece ter entendido que conquistar esse mercado está mais ligado a trabalhar de forma colaborativa, aliando tecnologias que as pessoas já conhecem e confiam e desenvolvendo no topo delas, do que tentar forçar os usuários a aceitarem os seus padrões e serviços. 

Um bom exemplo disso é Azure, empurrar o Windows como a única solução para Cloud oferecida por eles simplesmente faria o segmento desmoronar, a tecnologia Open Source sempre esteve ali para ser usada e eles finalmente entenderam que podem usá-la como todos os seus concorrentes e oferecem essas soluções para seus clientes. Basta passear um pouco pelas soluções apresentadas no Azure para ver que muito pouca coisa lá oferecida funcionaria sem tecnologia Open Source.

Sempre haverão as pessoas que olharão com ceticismo, e elas estão no direito delas, é plenamente compreensível como já mencionei anteriormente, mas software livre é para todos, certo? Inclusive a Microsoft.

Fonte

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