Você sabia que enquanto você navega na internet, assiste seus filmes em streaming, ou manda aquela mensagem no grupo da família, você provavelmente usou o Linux em algum momento? Apesar de ser tão onipresente em nossas vidas, o Linux ainda é considerado um sistema operacional de nicho. Mas o que significa ser “de nicho” e por que o Linux, apesar de sua importância, ainda carrega essa definição?
O que é um nicho de mercado?
Antes de entrarmos na questão do Linux, é importante entender o que é um nicho de mercado. Segundo o dicionário, um nicho de mercado é um segmento específico dentro de um mercado maior, que atende às necessidades particulares de um grupo de consumidores com características e interesses comuns.
Por exemplo, no mercado de computadores, podemos identificar o nicho de PC gamer. Todo PC gamer é um computador, mas nem todo computador é um PC gamer. Esse nicho é específico para computadores focados em jogos, com hardware e público-alvo específicos. Da mesma forma, sistemas operacionais como Windows, macOS, e Linux são parte do mercado de sistemas operacionais, mas cada um atende a diferentes nichos dentro desse mercado maior.
Linux: um sistema operacional de nicho?
Embora o Linux seja uma tecnologia fundamental em muitos dispositivos, como servidores, dispositivos IoT e supercomputadores, no mercado de desktops ele é frequentemente visto como um sistema operacional de nicho. Isso significa que ele atende a um segmento específico de usuários com interesses e necessidades particulares. Porém, no universo Linux, existem diversos “subnichos”. Algumas distribuições são voltadas para desenvolvedores, outras para jogadores, e algumas para usuários que buscam privacidade.
O Linux também tem uma grande base de usuários no Steam Deck, onde o SteamOS, uma distribuição baseada em Linux, é o sistema operacional predominante. Em julho de 2024, o Steam Hardware Survey mostrou que o Linux alcançou 2,08% dos usuários, enquanto o macOS ficou com 1,37%. Embora o crescimento do Linux tenha sido modesto, ele superou o macOS, em grande parte devido ao aumento da popularidade do Steam Deck, que representa 40,97% dos usuários de Linux na plataforma.
A dicotomia do crescimento e do nicho
É interessante observar que, enquanto o Linux continua a crescer em popularidade, especialmente em nichos como o de jogos, ainda existe uma grande dependência do Windows para softwares e jogos específicos, como Valorant, que requer sistemas anti-cheat que só funcionam no Windows. Por isso, é comum os usuários de Linux também possuírem um dual boot ou máquinas separadas para jogos que não rodam bem no sistema do pinguim.
Essa multifacetada presença do Linux — como uma escolha para servidores, dispositivos móveis, desktops especializados, e até consoles de jogos — reforça sua onipresença. No entanto, a fragmentação entre as diferentes distribuições e a falta de uma contagem precisa de usuários dificultam a medição real da sua popularidade. Muitas estatísticas sobre o uso de Linux são baseadas em dados empíricos, como acessos a sites e downloads de aplicativos, mas nenhuma distribuição implementa uma contagem robusta de usuários.

Linux é tudo Igual?
Uma das discussões recorrentes na comunidade Linux é sobre o que exatamente deve ser considerado “Linux”. Deveríamos incluir Android e ChromeOS nas estatísticas? Afinal, ambos são baseados no kernel Linux. Se somássemos todos os sistemas baseados em Linux para desktop, poderíamos afirmar que o Linux tem uma participação de mercado de cerca de 10%, o que já seria ainda mais significativo.
Por outro lado, cada distribuição Linux é essencialmente um sistema operacional diferente. Ubuntu, Debian, Arch Linux — todos compartilham o kernel Linux, mas oferecem experiências de usuário muito distintas. Portanto, contar todos como “Linux” pode ser enganoso, pois não reflete a diversidade e as especificidades de cada sistema.
O Linux, apesar de sua onipresença em diversos aspectos da tecnologia moderna, ainda carrega o rótulo de ser um sistema operacional de nicho, especialmente no mercado de desktops. Sua fragmentação e a diversidade de distribuições contribuem para essa percepção. No entanto, sua crescente popularidade, impulsionada por dispositivos como o Steam Deck, sugere que o Linux está longe de ser irrelevante. Sejam desenvolvedores, jogadores, ou entusiastas da tecnologia, o Linux tem algo a oferecer para cada nicho específico.
Este conteúdo é um recorte do Diocast, seu podcast sobre Linux e tecnologia! Assista na íntegra o episódio onde doscutimos a notícia de que o Linux alcançou a maior porção do mercado de sua história, totalizando 4.45% segundo o site Stats Counter.