O Ubuntu é uma das distribuições Linux mais importantes que existem, seu nome, sua fama, e sua facilidade de uso, ao longo dos anos, acabou gerando no projeto um local extremamente amigável para que novos usuários de Linux dessem seus primeiros passos.
Me arrisco a dizer que, não fosse o Ubuntu, o Diolinux não existiria, entretanto, o sistema passou por várias mudanças ao longo do tempo, especialmente nos últimos 2 anos, tivemos uma drástica mudança, não só em sua interface, mas também no foco do projeto Ubuntu e da própria Canonical. Nesta entrevista exclusiva para o blog Diolinux, Will Cooke, diretor de engenharia do Ubuntu Desktop, nos conta os planos da empresa para o futuro da distribuição.
Antes de mais nada, gostaria de agracer à nossa comunidade no Diolinux Plus, a maior parte das perguntas surgiram de ideias de publicações no tópico que criamos por lá, então, muito obrigado! Agradecemos também pelo tempo e boa vontade do Mr. Will Cooke, que estava engajado no ciclo de lançamento do Ubuntu 19.04, Disco Dingo no momento da entrevista, mas que ainda assim foi paciente e gentil ao nos atender.
Algumas perguntas foram difíceis de fazer, mas provavelmente ainda mais difíceis de responder, vamos lá?
Quem é Will Cooke?
Will nos conta que é Diretor de Engenharia do time do Ubuntu Desktop na Canonical. O time de Desktop é responsável por tudo o que vemos na nossa tela, segundo ele, isso vai desde o Shell em si, até as aplicações que rodam no sistema, incluindo alguns serviços chave, como o PulseAudio, BlueZ e o Network Manager. Essencialmente, tudo o que há de diferente entre a versão de servidores do Ubuntu e a versão de Desktop é de responsabilidade do time dele.
Diolinux: Grande parte das dúvidas que colhemos é sobre o Ubuntu Desktop e a sua relação com o ecossistema GNOME. Claramente, vocês não concordam com a forma tradicional (ou original) do workflow do GNOME padrão (Vanilla), dessa forma, vemos algumas extensões e funcionalidades que são adicionadas pela Canonical ao Ubuntu para que ele funcione mais ou menos como os tempos antigos do Unity.
Gostaríamos de saber se, no futuro, podemos esperar uma espécie de “Ubuntu Shell”, assim como fazem outras distros, como o Zorin OS e o Endless OS, para criar uma experiência única e integrada ao Ubuntu, desde que o ambiente de desktop GNOME acabou adicionando várias funções interessantes, mas também acabou removendo grandes recursos, como os menus globais, o HUD, uma dock mais inteligente e uma otimização no aproveitamento do espaço de trabalho.
Por exemplo: https://goo.gl/FDRsUp
Will Cooke: Nós não temos nenhum plano de criar um fork do GNOME Shell. Quando anunciamos que estaríamos voltando o nosso desktop para o GNOME, perguntamos para a comunidade quais os recursos do Unity que as pessoas mais gostariam que fossem mantidos.
Através dos resultados, nos ficou muito claro que as pessoas usando o Ubuntu em um desktop gostavam do jeito que as coisas funcionavam e tinham uma forte preferência em marter as coisas funcionando o mais próximo possível com o que era no Unity. Isso quer dizer a presença de coisas como o lançador de apps, top icons, a forma com que o alt+tab funciona, etc.
Nós usamos o modelo de design padrão do GNOME, mas onde podemos ver uma forma diferente de fazer algo, nosso time de design cria sugestões. Nós trabalhamos juntos para tentar alcançar um concenso. Em algumas ocasiões nós não concordamos, e nesses casos, estamos livres para criar patches e mudar os comportamentos no Ubuntu. Nossa meta é fazer o GNOME tão bom quanto ele puder ser, ser parceiros ao invés de consumidores. Trabalhando juntos estamos construindo um produto melhor para todos.
Se os membros da comunidade tiverem ideias sobre como o GNOME pode ser melhorado, eu sugiro se engajar com o projeto GNOME. Compartilhe suas ideias, mostre o seu ponto de vista e qualquer pesquisa e/ou relato que você tenha feito para apoiar tal ponto, ajude os outros a entender o que você pensa que deveria ser alterado através de mockups e desenhos. Você encontrará uma comunidade GNOME que é muito aberta a discutir ideias. Se você é um progrador, você também pode criar você mesmo os patches e enviar, mas não deixe de se envolver com o projeto.
D: Outra questão relacionada ao tópico “GNOME” é: Por que a Canonical não escolheu usar a versão padrão do GNOME para o Desktop?
W.: Como eu descrevi na pergunta anterior, nós ouvimos a nossa comunidade e vimos quais recursos as pessoas queriam no desktop. Isso significava que não poderiamos entregar uma versão padrão do GNOME. Entretanto, todos os recursos que disponibilizamos por padrão no Ubuntu Desktop são feitos através de “session Overrides”. Isso significa que nós não estamos criando patches para o GNOME para implementar tais recursos, dessa forma é fácil voltar ao padrão GNOME “Vanilla” se alguém desejar.
D: Há algum tempo nós ouvimos falar que a Canonical tinha planos de alterar a GNOME Software (Ubuntu Software) um pouco, com a intenção de tornar ela mais interessante para a descoberta de novos aplicativos. Podemos realmente esperar isso em um futuro próximo?
W: Sim! Nós estivemos trabalhando em ideias para prover mais informações do que “apenas quais apps estão disponíveis” ou “o que você já tem instalado”. Ainda estamos refinando isso, esperamos poder trabalhar mais nisso no ciclo do Ubuntu 19.10, dessa forma ele estará pronto para o Ubuntu 20.04 LTS.
D: No Ciclo do Ubuntu Cosmic (18.10), nós podemos ver que houve uma grande melhoria no design do Ubuntu em comparação com as versões anteriores, o que é ótimo, porém, algumas partes do sistema que não repousam sobre a “GNOME Stack” são antigas e precisam de uma renovação visual, como o caso do aplicativo “Software and Updates”. Faz um bom tempo desde que o Ubuntu lançou alguma ferramenta para facilitar a vida dos usuários no Desktop, podemos esperar algo novo nessa área?
W: Nós frequentemente revemos o que há de melhor no mundo open source para tomar a decisão do que incluir no Ubuntu. Nós temos a intenção de reanalizar alguns aplicativos antigos que estão no sistema desde os dias do Unity 7 ou até mesmo antes.
Você pode esperar para ver algumas mundanças exatamente no aplicativo “Software and Updates”. Nós queremos deixar tudo ajustado para melhorar a integração com o GNOME Desktop Enviroment, então, por exemplo, algumas das configurações que atualmente estão em “Software and Updates” devem migrar para o GNOME Control Center. Estaremos trabalhando nisso para lançar com o Ubuntu 20.04 LTS.
D: Sobre a usabilidade do Ubuntu: Nós sabemos que o GNOME Desktop é personalizável (com um monte de extensões), mas nós, usuários do Ubuntu através de décadas, esperamos mais, e até mesmo o GNOME é ótimo, mas sentimos que, em comparação, o Unity tinha um modo de trabalhar mais eficiente que a versão atual do Shell entregue pelo Ubuntu.
Se observamos, atualmente outras grandes distros como Deepin, Linux Mint, Manjaro, elementary OS e muitas outras, estas começaram a incluir ferramentas para funções interessantes, como manuseio de versões do Kernel, uma forma mais rica de gerenciar atualizações (o Ubuntu atualmente tem duas formas de gerir atualizações graficamente, via Ubuntu Software e pelo App “Software Updater”, e o primeiro não funciona adequadamente), nós podemos esperar melhorias nessas funcionalidades no futuro?
W: Nós temos planos de trabalhar para trazer mais dos recursos da interface do Unity para o GNOME Shell nas próximas releases. Recentemente estivemos trabalhando da melhora geral da performance do GNOME e em fazer melhorias para monitores High DPI, com uma escala fracionada. Nós também gostariamos de trabalhar em algumas coisas, como melhorar o suporte para multi-monitor, notificações, e os recursos da Dock, a possibilidade de mudar de dispositivos de som diretamente pelo painel, etc.
Não estamos tentando recriar o Unity no GNOME Shell, mas existem alguns aspectos que achamos que podem ser melhorados e estaremos fazendo isso e enviando código para o GNOME sempre que possível. Falaremos sobre o Ubuntu 19.10 em um post no blog do Ubuntu em breve, e acho que será interessante para todos, estamos fazendo melhorias incrementais, fazendo as coisas serem mais rápidas, mais estáveis e mais fáceis de usar.
D: Sobre os Snaps: Eles são uma grande solução, eu realmente adoro a praticidade que eles oferecem. Recentemente eu estive trabalhando em um servidor Nextcloud usando Snap e ele realmente “funciona como mágica”, mas nós temos algumas dúvidas sobre o ecossistema Snap.
A performance dos Snaps (especialmente em HDD) deixa um pouco a desejar, mesmo que tenhamos tido recentemente melhorias nesses sentido. Melhorias de performance estão nos planos para a evolução dos Snaps, ou você acredita que eles atingiram uma performance adequada na sua opinião?
W: Nós andamos fazendo uma profunda análise e resolvendo alguns bugs complexos nos últimos meses. Por exemplo, na primeira vez que alguns dos Snaps era iniciados, era necessário reconstruir o cache das fontes do aplicativo, o que poderia levar alguns segundos. Esse problema foi ajustado e os nossos testes mostram que isso resolveu a maior parte dos problemas na inicialização dos Apps.
Há sempre melhorias que podem ser feitas e o nosso time de controle de qualidade criou uma ferramenta de teste automático que nos permite testar cada Snap cada vez que houver uma mudança (como uma atualizalização) e verificar se a velocidade da inicialização e a aparência visual está adequada, então podemos fazer regreções facilmente em caso de necessidade.
Eu estou confiante de que a maior parte dos usuários não verá nenhuma demora significativa em relação aos Snaps conforme nós formos continuamente melhorando as coisas. Damos um imenso valor a feedback técnico dos usuários e análise do seus leitores que puderem nos ajudar com isso. Pessoas interesadas podem conferir os detalhes no fórum do Snapcraft, nós adoraríamos conversar com vocês.
D: Desde que os Snaps foram criados para serem um formato de distribuição de software que reduziria a fragmentação e os problemas na própria distribuição de software para o “mundo Linux”, por que vocês não se juntaram com o pessoal do Flatpak? O que o Snap pode oferecer para vocês que o Flatpak não consegue?
W: Flatpak e Snap tem diferentes objetivos. Snaps podem almejar desktops, servidores, IoT e o Terminal, enquanto que Flatpak é todo sobre a questão de desktop apps.
Snaps oferecem um bom número de recursos únicos como:
– Fácil descoberta: Nós apresentamos novas aplicações no GNOME Software a cada duas semanas, isto dá a chance dos usuários de encontrarem novos Apps que de outra forma eles não seriam encontrados. Essa é uma grande forma dos desenvolvedores deixarem os usuários saberem da existência de seus aplicativos.
– Instalações paralelas: Você pode instalar duas versões do mesmo Snap. O que é ideal para testes sem perder a produtividade.
– Múltiplos canais: Canais nos Snaps podem ser pensados como “níveis de risco” para o usuário. O canal “Stable” tem baixo risco, onde softwares de alta qualidade são distribuídos para uso majoritário. Do lado completamente oposto temos o canal “Edge”, onde as versões mais recentes de um software podem ser distribuídas, e entre esses dois extremos, temos os canais “Candidate” e “Beta”. Os usuários podem alterar entre esses canais e “níveis de risco” de uma forma muito fácil e, por exemplo, testar alguma funcionalidade nova que ainda não esteja na versão estável. Caso algo não funcione, com um clique você pode voltar ao normal.
– Snapcraft.io oferece um serviço grátis de construção de software para múltiplas arquiteturas. Apenas link o seu projeto do GitHub e tenha builds automatizadas.
– Os autores dos Snaps podem fazer “roll back” de seus aplicativos para versões anteriores com um clique de um botão. Caso você encontre um bug no seu último lançamento, você pode voltar para a versão anterior e todos os usuários serão atualizados automaticamente para a versão que está funcionando do aplicativo. Além disso, os desenvolvedores ou “Snap Authors”, como chamamos, podem ter acesso a métricas de utilização, sobre as instalações ativas, não somente o número de downloads.
– Desenvolvedores verificados: O time do Snapcraft trabalhada com os desenvolvedores dos softwares para garantir que os pacotes lá distribuídos possam ser de absoluta confiança. Por exemplo, nós oferecemos um selo de “Verified Developer”, que é um “certinho verde” ao lado da aplicação na loja do Ubuntu, o que legitima aquele Snap como a versão oficial e confiável do desenvolvedor ou companhia.
D: Com os Snaps, poderemos ver o Ubuntu se tornando Rolling Release no futuro?
W: Essa é uma questão muito interessante! Nós haviamos pensando sobre o assunto e sentimos que isso seria melhor servido em outras distros. Nós queremos que o nosso time de QA possa definir um grupo de pacotes juntos e ter certeza de que tudo está funcionando corretamente, da melhor forma possível, e colocar tudo isso junto em um lançamento que as pessoas possam fazer o download e usar por um longo tempo.
Tentar criar um controle de qualidade estrito em uma Rolling Release é como tentar contruir uma casa em areia movediça, com tudo se movendo independentemente, é muito difícil testar tudo de ponta a ponta. Nós procuramos fazer uma distro que não se quebre sozinha e não achamos que isso possa ser feito com uma Rolling Release.
Nós sabemos que, à partir das métricas de instalação, a maioria dos usuários do Ubuntu prefere a versão LTS do que a intermediária. Issos nos diz que a maior parte das pessoas realmente quer um ambiente de desktop que possam usar todos os dias sem riscos de falhas. Os Snaps dão aos usuários a possibilidade de ter o melhor dos dois mundos.
Uma fundação sólida com aplicativos novos no topo.
Através do recursos de “canais”, como eu tinha comentado anteriormente, as pessoas podem ir de uma versão do software para outra e voltar novamente conforme quiserem. Se você tem um Snap em particular e você quer a versão mais recente dele, você pode obter pela versão Beta ou Edge, alterando os canais, deixando o sistema e o núcleo de suas aplicações no canal estável. Nós temos um grande número de apps GNOME que automaticamente são publicados no canal “Edge” a cada commit upstream, você não pode estar mais atualizado do que com eles!
D: Atualmente nós temos alguns Snaps instalados por padrão no Ubuntu, como o “GNOME System Monitor”. Poderemos ver no futuro um aumento de aplicações Snap no Ubuntu padrão?
W: Snaps resolvem reais problems para nós. Por exemplo, pegue o Firefox: Nós precisamos contruir e testar uma versão nova do Firefox a cada atualização que ele recebe em todas as releases ativas do Ubuntu, assim como as que estão em desenvolvimento. Nesse exato momento, isso significa cinco versões; 14.04 LTS, 16.04 LTS, 18.04 LTS, 18.10 E 19.04, todas rodando versões consideravelmente diferentes de bibliotecas, ferramentas, binários, etc.
Se nós fossemos distribuir uma versão atualizada do Firefox apenas via Snap, nós poderíamos construí-lo sobre base Snap Core 16, em breve na Core 18, e ter certeza de que ela rodaria em todas as versões do Ubuntu tão bem quanto em qualquer outro sistema que rode Snap. Essa é uma forma muito mais eficiente de de distribuir aplicações.
Então nós temos algumas ótimas razões para distribuir mais aplicações Snap por padrão. Estamos trabalhando com este objetivo, então sim, eventualmente distribuiremos mais aplicações como Snap, entretanto, o APT não vai embora. Cada lançamento do Ubuntu ainda é contruído sobre os pacotes .deb, todo o “maquinário” e processos são ainda baseados em .deb e nós não esperamos mudar isso por um longo tempo.
D: Uma grande e recorrente questão na nossa comunidade Linux é sobre Marketing. Nós temos uma sensação sobre o Ubuntu, a sensação de que mesmo ele sendo uma das versões mais populares de sistemas Linux, o mesmo poderia ser ainda mais popular.
Por que não vemos muito trabalho de marketing sendo feito sobre o Ubuntu para Desktop, focando em games por exemplo? A Valve mostrou o Ubuntu como o sistema preferido da empresa para jogos na página de download do Steam por anos (não mais) e nós nunca vimos a Canonical falar sobre o “Ubuntu para Gamers”, e hoje, nós temos um monte de outros títulos rodando no Linux (e o número só aumenta…) com grande parte das pessoas usando Ubuntu ou alguma derivado dele para jogar.
Qual a sua posição sobre isso?
W: Muitos dos nossos usuários são técnicos, então nós geralmente fazemos mais posts técnicos em nosso blog sobre como e porque nós estamos fazendo as coisas, e temos “White Papers” sobre problemas técnicos também. Também fazemos marketing com nossos parceiros OEM para PCs e Laptops.
Esta é a oportunidade para a comunidade se envolver e fazer a real diferença. Nós vemos grandes comunidades como a do Diolinux ajudando uns aos outros, advocando para o software livre, espalhando e deixando as pessoas cientes do Ubuntu, Linux e do Open Source. Eu acho que esta é melhor forma de atingir potenciais novos usários.
D: Recentemente nós entrevistamos um dos líderes da Nvidia aqui no Brasil e perguntamos para ele sobre a questão dos Laptops com placas de vídeo híbridas, Intel+Nvidia. Ele nos informou que a implementação dos gráficos permutáveis é feita pelos próprios fabricantes e que, segundo ele, atualmente a Microsoft implementou tal funcionalidade para que os computadores tivessem um comportamento adequado com o Windows.
Minha questão para você é: A Canonical tem a intenção de melhorar o suporte em drivers para laptops com placas de vídeo híbridas? (Ao menos de forma similar ao que faz a System76 com o Pop!_OS?)
W: Sim, queremos melhorar isso. As soluções existentes são no mínimo “não polidas”, mas temos alguns bugs na parte de display para corrigir antes, o que significa que “correções brutas e não polidas” são a única opção neste momento.
Estamos trabalhando para ajustar estes problemas, de forma que os usuários possam trocar entre as placas gráficas sem precisar encerrar a sessão ou fazer o reboot.
D: Recentemente o Ubuntu Budgie 19.04 (Daily Build) chegou com uma solução para uma importante parte da experiência em um desktop, o desktop em si.
As versões novas do GNOME não oferecem a possibilidade de uma área de trabalho ativa através do Nautilus, por conta disso vemos o Ubuntu 19.04 (Daily Build) com uma extensão (Desktop Icons) para contornar a situação. Apesar de ajudar a contornar o problema, podemos concordar que esta é uma solução muito pobre em relação ao que o Ubuntu já ofereceu no passado.
A flavor Budgie do Ubuntu (19.04) adicionou o Nemo como gerenciador de arquivos padrão e como gestor de desktop e funciona maravilhosamente.
Vocês considerariam algo assim para a versão principal do Ubuntu também?
W: Eu acho que é ótimo que exista uma diversa gama de desktop enviroments disponíveis, todos tentando atender melhor uma diferente base de usuários. O Ubuntu sempre deu as boas-vindas para desenvolvedores da comunidade que querem melhorar o sistema e construir algo sobre ele e para os usuários que querem uma experiência diferente do padrão em seus computadores.
É fácil de instalar isso no Ubuntu, e a maior parte das flavors oferece uma imagem live para que possam ser testadas antes de serem instaladas nos computadores.
Quando selecionamos qual desktop será o padrão do Ubuntu, nós olhamos para uma ampla game de critérios, incluindo, mas não se limitando, a quão grande é a comunidade de desenvolvedores do mesmo, o quão rápido são os times de desenvolvimento e as suas respostas para problemas de segurança e o quão grande é a sua comunidade de usuários, por quanto tempo as comunidades existem, se são maduras e auto sustentáveis, qual é o método de desenvolvimento, o quão rápido novas tecnologias são incorporadas ao código base e o quão familiar é o nosso time de desktop com esse código.
Também precisamos estar cientes do tamanho da nossa base de usuários. Nós somos de longe a mais popular distro Linux de Desktop e temos com isso a imensa responsabilidade de sermos cuidadosos e considerar cada decisão que é feita. Ter entendimento de que isso impacta a vida de milhões de pessoas que usam o Ubuntu é essencial.
Toda essa lista de coisas combina com o GNOME e ele é a escolha certa para o Ubuntu agora.
D: Recentemente nos entrevistamos Jason Evangelho, da Forbes, ele comentou que falou com vocês há algum tempo sobre uma nova e mais fácil forma de instalar as versões mais recentes dos drivers de vídeo no Ubuntu. Existe efetivamente alguma implementação disso sendo feita?
W: Nós estamos trabalhando ativamente nisso. Instalando drivers DKMS num ambiente de Secure Boot é interessante e desafiador. Os drivers precisam ser assinados com a mesma chave do Kernel, mas essas chaves são efêmeras e não estão disponíveis para assinaturas quando a ISO é produzida. Estamos fazendo progressos.
D: A primeira impressão é muito importante, todos nós sabemos disso, então, por que não usar alguma tela de boas-vindas mais completa, como a do Ubuntu Budgie, Ubuntu MATE, Deepin ou Linux Mint, para fazer a introdução do novo usuário ao Ubuntu?
W: Francamente, eu acho que o YouTube é uma plataforma muito melhor para aprender como usar um desktop em particular do que uma tela de boas-vindas. Dito isso, estamos trabalhando para mover a nossa tela de boas-vindas para algo mais próximo do “GNOME Initial Setup”, então temos algumas novas opções e aparências que deverão aparecer nos próximos lançamentos.
Nossa meta, é claro, é fazer com que tudo seja intuitivo e fácil de usar, o que significa que essas instruções são necessárias de fato.
D: Você está feliz com o Ubuntu Desktop atualmente?
W: O Ubuntu continua a me surpreender. Nós vimos ele sendo usado em mais e mais lugadores, de robôs em fazendas, até em Switches no coração de Data Centers gigantes, até os servidores rodando nesses Data Centers, provendo serviços para Internet das Coisas em dispositivos nas casas das pessoas, todos rodando Ubuntu. Eu especialmente adoro quando vemos o “Ubuntu in Wild” em Séries de TV!
A versão 19.04 está tomando forma para ser um grande lançamento. Nós fizemos melhorias de performance, que creio que as pessoas notarão logo de cara ao instalar o Disco Dingo, ele tem um visual incrível e uma grande gama de aplicações de alta qualidade disponíveis por padrão, melhores do que nunca.
Como você mencionou anteriormente, mais games estão rodando no Ubuntu agora e graças ao trabalhado feito pela Valve, com o as tecnologias envolvendo o Proton e o DXVK se tornando mais maduras, isso significa que uma nova gama de usuários está chegando ao Linux porque eles podem fazer simplesmente tudo o que querem no sistema.
É um ótimo momento para ser um usuário de Linux e estou muito orgulhoso da posição do Ubuntu no mercado, visto que o sistema continua evoluindo como plataforma e nós ainda temos uma grande experiência de usuário para tudo o que for feito. As pessoas continuando amando usar o Ubuntu para conseguir fazer e produzir coisas incríveis.
Muito obrigado.
Concluindo
Agracemos novamente ao Will Cooke pelo seu tempo e paciência para responder as nossas variadas questões. Agora chegou a hora de você participar, o que você achou da entrevista? Quais os pontos que mais te chamaram a atenção?
Até a próxima!
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