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Links simbólicos no Linux: entenda como funcionam os “portais” entre pastas e arquivos

Se você já se perguntou como um simples link pode ser mais do que um atalho comum, prepare-se para descobrir uma das funcionalidades mais versáteis do Linux. Os links simbólicos, também conhecidos como symlinks, são como portais que conectam arquivos e pastas em locais completamente diferentes do sistema, permitindo truques que vão desde organizar melhor seus dados até instalar programas em discos externos sem complicações.

O que realmente define um link simbólico?

Ao contrário de um atalho convencional, que apenas redireciona para um arquivo, um link simbólico faz o sistema acreditar que o arquivo ou pasta está realmente no local do link, mesmo que fisicamente esteja em outro disco ou partição. Imagine ter uma pasta chamada “musica” em um HD externo, mas poder acessá-la diretamente da sua pasta home como se estivesse lá o tempo todo. Essa é a “mágica” dos symlinks.

Por exemplo, se você inspecionar as propriedades de um arquivo acessado por um link simbólico, o sistema mostrará o caminho original, mas na prática, você estará interagindo com o mesmo arquivo. Se excluí-lo pelo link, o original também sumirá — porque, no fundo, é o mesmo dado, apenas acessado por um caminho diferente.

Criando seu primeiro link simbólico

No terminal, criar um link simbólico é tão simples quanto digitar:

ln -s /caminho/do/arquivo/original /caminho/do/link

Vamos supor que você tenha um HD chamado “Dados” com uma pasta “musica” e queira acessá-la diretamente da pasta “música” da sua home. O comando seria:

ln -s /media/Dados/musica ~/musica

Pronto! Agora, ao navegar até ~/musica, você verá os mesmos arquivos que estão no HD externo. Se você abrir um arquivo de música pelo link, ele tocará normalmente, pois o sistema está lendo diretamente do local original. Você também pode usar isso para facilitar o manuseamento da sua biblioteca por algum aplicativo de reprodução de música.

Qual a diferença para um atalho comum?

Enquanto um atalho padrão é apenas um arquivo que redireciona para outro lugar, um link simbólico é tratado pelo sistema como se fosse o próprio arquivo. Programas que dependem de caminhos fixos, como alguns instaladores ou ferramentas de virtualização, funcionam perfeitamente com symlinks, enquanto poderiam quebrar com um simples atalho.

No entanto, há um detalhe importante: se o arquivo original for movido sem atualizar o link, ele se torna inútil — o sistema ainda tentará acessar o caminho antigo. Por isso, ao criar links, é recomendado usar caminhos absolutos (como /home/usuario/documentos) em vez de relativos (como ../documentos), para evitar problemas.

Um dos usos mais poderosos dos symlinks é mover pastas pesadas para outro disco sem que os programas percebam. Vamos pegar um exemplo prático: o GNOME Boxes, uma ferramenta de virtualização que armazena máquinas virtuais na pasta ~/.local/share/gnome-boxes.

Se essa pasta estiver ocupando muito espaço no seu SSD principal, você pode:

Primeiro, copiar a pasta para um HD externo:

cp -r ~/.local/share/gnome-boxes /media/HD-Externo/

E criar um link simbólico apontando para o novo local:

ln -s /media/HD-Externo/gnome-boxes ~/.local/share/gnome-boxes

Agora, o GNOME Boxes continuará funcionando normalmente, mas os arquivos estarão fisicamente no HD externo. Se você criar uma nova máquina virtual, ela será salva automaticamente no disco secundário, liberando espaço no SSD principal.

Hard links vs. soft links

Existem dois tipos de links simbólicos no Linux, e entender a diferença entre eles é essencial para usar cada um corretamente.

Soft Links

São os mais comuns e flexíveis. Eles funcionam como ponteiros para o caminho do arquivo original. Se o arquivo for movido ou excluído, o link quebra, pois ele apenas referencia o local original. A grande vantagem é que eles funcionam até entre sistemas de arquivos diferentes, incluindo dispositivos de rede.

Hard Links

Diferente dos soft links, os hard links são essencialmente clones do arquivo original, compartilhando o mesmo inode (um identificador único no sistema de arquivos). Se o arquivo original for apagado, o hard link continua funcionando normalmente, pois ele não depende do caminho, mas sim dos dados reais no disco. No entanto, eles só funcionam no mesmo sistema de arquivos.

Para criar um hard link, o comando é similar, mas sem o -s:

ln arquivo_original arquivo_link

Se você editar o hard link, o arquivo original também será modificado — porque, tecnicamente, são o mesmo em locais diferentes.

Links simbólicos ou arquivos .desktop?

No Linux, os ícones de aplicativos que aparecem no menu (como Firefox, LibreOffice) não são links simbólicos, mas sim arquivos .desktop. Esses arquivos ficam em /usr/share/applications/ e contêm informações como o nome do programa, o comando para executá-lo, o ícone que deve ser exibido e a categoria em que ele se encaixa (Internet, Escritório, etc.).

Se você copiar um arquivo .desktop para a área de trabalho, ele se comportará como um atalho clicável. A diferença é que, enquanto um link simbólico é um “portal” direto para o arquivo, um arquivo .desktop é um arquivo de configuração que diz ao sistema como abrir determinado programa.

Um mundo de possibilidades

Com links simbólicos, as possibilidades são muitas. Por exemplo, você pode:

  • Organizar pastas dinamicamente, fazendo com que arquivos apareçam em múltiplos locais sem duplicá-los;
  • Instalar jogos do Steam ou programas Flatpak em outro disco, economizando espaço no sistema principal;
  • Criar scripts acessíveis globalmente, movendo-os para uma pasta no $PATH via symlink;
  • Gerenciar servidores com mais eficiência, redirecionando logs ou arquivos de configuração sem alterar a estrutura original.

Se você ainda não experimentou usar links simbólicos, agora é a hora, com a prática, você pode criar um link simbólico entre esse conhecimento e sua memória. Eles são uma daquelas funcionalidades que, uma vez dominadas, mudam completamente a forma como você interage com o sistema.

E já que estamos falando sobre gerenciamento de arquivos pelo Linux, você sabe o que são inodes?

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Sobre o autor
Redator, além de estudante de engenharia e computação.
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