A NVIDIA acaba de dar um passo que pode trazer mudanças significativas para a forma como lidamos com física em jogos e simulações: o PhysX e o Flow, suas tecnologias de simulação física e de fluidos, agora são open source sob a licença BSD-3. Se antes apenas parte do código estava disponível, agora até os kernels de GPU, responsáveis pela aceleração em hardware, foram liberados.
Primeiro, o PhysX
Para quem não acompanha o mundo dos gráficos há tanto tempo, o PhysX foi (e em alguns casos ainda é) aquele recurso que fazia os panos balançarem dramaticamente no Batman: Arkham Asylum, os efeitos de fumaça em Borderlands 2 parecerem incrivelmente realistas e os estilhaços de vidro do Mirrors Edge serem tão bem feitos. Mas, com o tempo, a tecnologia foi sendo abandonada em favor de alternativas como o Chaos Physics da Unreal Engine 5.
Agora, com o código na mão da comunidade, será que o PhysX pode renascer das cinzas?
Um dos maiores problemas do PhysX é sua dependência do CUDA, a plataforma de computação paralela da NVIDIA. Com as GPUs mais recentes (como as da série RTX 50, baseadas na arquitetura Blackwell) abandonando o suporte a CUDA 32-bit, muitos jogos antigos simplesmente perderam desempenho, já que a física passou a ser calculada pela CPU em vez da GPU.
Agora, com acesso total ao código, a comunidade pode criar wrappers (camadas de compatibilidade) para fazer esses jogos rodarem em hardware moderno.
O PhysX sempre foi uma tecnologia NVIDIA-first, deixando donos de placas AMD e Intel de fora da festa. Mas agora, com o código aberto, teoricamente é possível adaptá-lo para rodar em OpenCL ou Vulkan, tornando-o multiplataforma.
Claro, isso não é algo trivial — seria necessário reescrever centenas de kernels CUDA —, mas a possibilidade existe. Se a comunidade se unir, quem sabe não vemos um PhysX para Radeon no futuro?
Além disso, o PhysX não serve apenas para games. Ele pode ser útil em áreas como:
- Robótica (simulação de movimentos e colisões)
- Arquitetura (testes de estruturas virtuais)
- Animação (efeitos físicos mais realistas)
Com o código aberto, pesquisadores e desenvolvedores podem adaptar a engine para necessidades variadas.
Flow: efeitos de fluidos também ganham uma nova chance
Enquanto o PhysX cuida de colisões e objetos rígidos, o Flow é especializado em simulações de fluidos — pense em fogo, fumaça e explosões. Assim como o PhysX, seu código de GPU também foi liberado, abrindo portas para melhorias e adaptações.
Jogos como Metro 2033 usam o Flow para criar atmosferas densas e realistas. Com o código aberto, talvez vejamos modders levando esses efeitos a novos patamares em jogos antigos — ou até mesmo em projetos independentes.
E o Flex? Vem aí outra liberação?
Muitos na comunidade estão de olho no Flex, outra tecnologia da NVIDIA focada em simulação de corpos deformáveis e partículas. Por enquanto, ele ainda não é open source, mas um dos mantenedores do PhysX mencionou que há interesse em liberá-lo no futuro.
Se isso acontecer, poderíamos ver ainda mais avanços em simulações realistas, especialmente em áreas como efeitos de tecidos, líquidos e até mesmo medicina virtual.
Agora, o futuro depende da comunidade
A NVIDIA deu o primeiro passo, mas agora é a vez dos desenvolvedores, modders e entusiastas fazerem algo incrível com esse código. Quem sabe daqui a alguns anos não estaremos falando de um PhysX renascido, mais versátil e acessível do que nunca?
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