EditorialSistemas operacionais

Linus Torvalds está correto? O motivo da impopularidade do Linux nos Desktops

Algumas pessoas me mercaram nas redes sociais para que eu comentasse sobre uma matéria publicada no Olhar Digital sobre algumas declarações de Linus Torvalds, vamos discutir sobre isso um pouco?

Antes de mais nada, é interessante que você leia o artigo original do Olhar Digital, ele basicamente é uma transliteração de um vídeo de Linus Torvalds, no mesmo bate-papo lendário onde ele manda o dedo do meio para a Nvidia.

Esse vídeo é de 2012 e o artigo do Olhar Digital mistura alguns conceitos atuais com os antigos. No mundo da tecnologia muita coisa muda em 7 anos, no mundo Open Source então, nem se fala, ainda assim, na minha opinião, Torlvads tinha e tem razão.

Desktop é o único lugar que o Linux não tomou conta, segundo Linus Torvalds

O vídeo é muito interessante de fato, quando questionado sobre o Desktop ser ainda o único lugar onde o Linux não domina, Torvalds deixa transparecer um pouco de frustração, afirmando que:

O Desktop era a intenção inicial dele ao desenvolver o Linux, e atualmente é o único lugar onde o Linux não obteve maior popularidade“.

O motivo disso, segundo ele, é principalmente o fato de distros Linux geralmente não virem pré-instaladas com os computadores e laptops que as pessoas compram.

Ninguém quer ter que baixar e instalar um sistema operacional para usar um computador“, comenta.

Ele está certo?

Apesar de muita coisa (mesmo!) ter mudado de 2012 para cá, de fato, as pessoas, de forma geral, não formatam seus computadores e instalam sistemas. Isso geralmente é tarefa dos técnicos e dos usuários que gostam de trabalhar com informática.

Muito da impopularidade do Linux está atrelada a isso, sem sombra de dúvidas. A popularidade também acaba afetando, por tabela, outras tecnologias, softwares e serviços desse entorno.

Quer um exemplo?

Por que softwares de alta qualidade de Hollywood, como Nuke, Lightworks, Maya, Blender e DaVinci Resolve possuem versões para Linux e o Adobe Premiere, After Effects, não?

Porque na indústria de Hollywood, Open Source é um padrão e uma tendência, Linux é utilizado nas produções, nesse meio (que é um nicho), o Linux é um dos padrões, enquanto os softwares da Adobe, ainda que vislumbrem os blockbusters de vez em quando, geralmente são conhecidos por serem usados por estúdios menores e por semi-profissionais, que aprenderem a usar Windows e querem ser atendidos dessa forma, além do macOS, é claro.

Não é certo ou errado, bom ou ruim, é apenas uma constatação de como as coisas são.

O caso do Android

Linus comenta que o sucesso do Linux através do Android se deve ao fato do sistema já vir pré-instalado nos dispositivos, coisa que nunca aconteceu em larga escala no desktops, de fato.

Atualmente é possível trocar ROMs de Android, mas é uma pequena parcela da população que faz isso, sendo que grande parte nem sequer sabe que existe essa possibilidade.

O Chrome OS seria a saída?

Lá em 2012, Torlvalds já comentava sobre os Chromebooks e seu Chrome OS. Este é um projeto da Google, que assim como o Android, também usa o Kernel Linux.

Usando o Google Trends, é possível ver uma crescente de interesse por eles nos EUA, porém, essa crescente existe basicamente por lá. É o tipo de dispositivo que ainda não atingiu todo o seu potencial.

Torvalds já comentou diversas vezes que acredita que provavelmente o meio do Linux conseguir chegar aos lares das pessoas em seus laptops é através da popularização destes dispositivos, ou mesmo de um Android Desktop, e eu acredito que ele esteja correto.

E as outras distros?

Em muitos casos o mundo Linux é movido à paixão. Existem dezenas de projetos para finalidades diferentes, mas nos restringindo ao desktop, vemos os principais jogadores deste tabuleiro focarem em um tipo de usuário desktop, e não em qualquer um.

Ubuntu, Fedora, Pop!_OS, elementary OS, Linux Mint, Manjaro e Solus OS, são bons exemplos disso.

Cada qual tem um foco ligeiramente diferente e procura oferecer ferramentas para facilitar a vida de seus usuários, mas de fato, geralmente tais usuários tem um nível técnico um pouco acima. Você pode até achar que qualquer um consegui instalar um sistema Linux hoje em dia, mas somente o fato de instalar um sistema operacional, como comentou Linus Torvalds, te torna um usuário diferente da maioria.

Dos integrantes dessa a lista, vários deixaram claro que estão focando nos famosos “Creators, Makers, Builders”, como em nossa entrevista com o pessoal da Sytem76, fabricante de computadores com Linux e desenvolvedora do Pop!_OS:

Eu acho perfeitamente possível grande parte (e não a maior necessariamente) da população usar Linux sem maiores problemas, provavelmente em um número que nunca passará o Windows, mas com plenas capacidades de superar o macOS.

Eis um gráfico interessante para você ver:

Interesse de pesquisa sobre Linux no mundo

Esse é um gráfico do Google Trends. O Google é local ideal para fazer medições de popularidade, é onde as pessoas, de forma geral e majoritária, vão para buscar informações.

A análise é feita com uma coleta de dados de 2004 em diante, sendo que ela se torna mais confíável, segundo a própria Google, de meados de 2006 à 2008 em diante, onde foram feitos ajustes na sensibilidade do algorítimo de busca.

A linha azul corresponde ao macOS da Apple, da vermelha ao Ubuntu da Canonical, e a amarela ao termo Linux (relacionado a Software) de uma forma geral.

Podemos ver que o interesse em software Linux é maior do que o interesse em macOS, perdendo apenas em algumas regiões do mundo que geralmente falam Inglês, como EUA, Canadá, Austrália, África do Sul, etc. Equando que o Interesse por Linux aparece em larga escala na Europa e no Brasil, assim como o Ubuntu, que não é maior do que o interesse por Linux de forma geral no Brasil, mas é a distro com maior relevância neste sentido.

O termo “Linux” é algo bem genérico para ser considerado, apesar das distros usuarem o Kernel Linux, elas não são o mesmo sistema operacional, ainda que tenham várias coisas em comum. 

Vemos o Ubuntu ser muito popular no Reino Unido por exemplo, que é a sede física da Canonical (ou uma delas), mas não tanto assim nos EUA, por exemplo. 

O Interesse pelo Ubuntu e por Linux ao redor do mundo em comparação com o macOS, mostra que existe sim um mercado disposto a explorar coisas novas, a ponto de mesmo que as pessoas não tenham tantas opções de computadores com Linux pré-instalado, ainda gere dados de interesse o suficiente para criar estes números.

O Windows neste gráfico fica muito acima dos demais sistemas operacionais:

Sistemas operacionais
Windows em Verde

Ainda que, assim como os demais, venha perdendo interesse pelo público por conta da acenção dos Smartphones, muito provavelmente. Basta comparar com o interessante pelo Android e sua acenção nos últimos anos:

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Android em Roxo

Então seria um caso perdido para outras distros, que não o Chrome OS?

Bom, depende: Você está correndo para algo? Você realmente precisa que alguma distro Linux se torne o sistema mais popular de todos?

Se perguntasse a mim, eu diria que não, eu não preciso. Mas também diria que sim, seria bom se fosse um pouco mais popular para equilibrar a balança. Nenhum tipo de monopólio é interessante e muitas pessoas poderiam se beneficiar de uma popularidade  maior. Existem muitos casos que as pessoas usam Windows porque precisam, não porquê querem.

Há algum tempo eu precisava trabalhar de terno (algo que eu nunca gostei), eu precisava daquilo por conta do tipo do emprego, mas eu nunca quis aquilo para mim de fato, tanto que acabei saindo do local e esse foi um grande motivo. Eu me sentia desconfortável e ninguém gosta de se sentir obrigado a algo, especialmente quando tem considerações contrárias quanto a isso. Aposto que é o caso de muitas pessoas por aí usando Windows.

A verdade é que as distros de desktop Linux estão cada vez mais amigáveis, e sim, elas tem muito potencial de crescimento e são feitas para agradar quem se agradar por elas basicamente. 

Elas existem para te dar escolhas, para evitar que você fique preso a algo que você eventualmente não goste, por exemplo:

Neste vídeo, intitulado “Para você que está de saco cheio do Windows”, eu mostrei que podem, sim, haver alternativas, ainda que não seja para todo mundo, será para muita gente.

O feedback é fantástico, você pode ver pela quantidade de visualizações e pelos comentários.

Eu continuo sendo um fã de tecnologia, gosto do Windows e do macOS e acho eles soluções incríveis para diversos problemas (porque no fim é para isso que serve a tecnologia, te ajudar a resolver problemas), eu só não acho que são irretocáveis e nem únicos e que em muitos casos, Linux pode ser mais eficiente ou uma solução mais confortável por diversos motivos.

Parte do nosso trabalho no Diolinux é ajudar outras pessoas que também gostam de usar Linux e querem ajudar uns aos outros a fazer isso.

Eu continuo usando Linux no meu Desktop para produção de vídeos, edição de imagens e músicas, textos e games (sim, games! Confira o nosso canal na Twitch) simplesmente porque me atende, porque eu gosto, porque prefiro, porque me sinto mais feliz e satisfeito com isso, se nada mudar em alguns anos e o Linux não crescer mais no Desktop, muito provavelmente eu continuarei usando Linux por um único motivo: Porque funciona e permite que eu faça tudo o que eu preciso fazer por ele.

Não tenho motivo para “alergias” a outros sistemas, usar Linux me permitiu ver um mundo mais amplo, além do que eu pensava que era um computador ou sistema operacional, abriu tanto a minha visão a ponto de eu ver que nem o Linux é perfeito, muito pelo contrário, mas que o mundo é feito de mais coisas do que “janelas” e “maçãs”, ainda que eu adorece apreciar a vista de uma bela “janela”, comendo uma “McIntosh” suculenta.

Até a próxima!


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