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Google Stadia promete revolucionar o mundo dos jogos com Linux e Vulkan

Em Outubro de 2018 nós publicamos aqui no blog uma matéria sobre o “Project Stream” da Google. Na época foi-nos demonstrado o game “Assassin’s Creed: Odissey” rodando através do Google Chrome via Streaming, algo que parecia muito promissor, mas que levantava dúvidas. Hoje, dia 19 de Março de 2019, a empresa anuncia o “Stadia”, a evolução do “Stream”, um projeto que promete trazer esse tipo de tecnologia para os nossos lares.

Em San Francisco, EUA, no palco da GDC 2019, Sundar Pichai, atual CEO da Google, afirmou:  “Descobrimos que podemos levar qualquer jogo grande para qualquer dispositivo por meio do Google Chrome”. Uma proposta altamente audaciosa que foi explicada ao longo da apresentação.

O que é o Stadia?

A melhor forma de descrever o projeto é compará-lo com outros serviços de streaming que as pessoas estão mais habituadas, como a Netflix ou o Spotify, com a diferença de que o Stadia é voltado para jogos. Stadia não só é uma nova plataforma de distribuição de jogos, mas o nome que representa toda uma nova tecnologia de streaming de conteúdo com alta densidade de processamento e desempenho, sobretudo e especialmente, jogos, mas possivelmente não só isso. O que abre portas para rodar outras grandes aplicações no futuro com tecnologia similar.

Stadia Google
Stadia será totalmente multiplataforma

Durante a apresentação, várias pessoas passaram pelo palco para contar um pouco mais sobre o projeto e mostrar aspectos técnicos de seu funcionamento e quais problemas que ele pretende resolver, tanto para os jogadores, quanto para os desenvolvedores, extendendo-se aos criadores de conteúdo do YouTube.

The Data Center is your new Platform

A ideia é trazer o poder computacional dos data centers da Google para o mundo dos jogos, inclusive, a frase, “o data center é a sua nova plataforma”, foi repetida algumas vezes durante toda a apresentação.

Qualidade

O Stadia promete oferecer conteúdo com resolução até 4K à 60 FPS de forma fluída em uma conexão de 25Mbps, o que não é tanto, considerando a qualidade apresentada. Até o momento, o game demonstração, em parceria com a Ubisoft, é o mesmo que vimos no “Project Stream”, “Assassin’s Creed: Odissey”, que é capaz de rodar com a mesma qualidade em um super PC Gamer da atualidade, e em um Smartphone ou um Chromebook com praticamente nenhuma aceleração de hardware, chegando até a um Chromecast. Incrível.

Google Stadia
Reprodução: Google

A expectativa é que em um futuro próximo seja possível um streaming de 8K à 120 FPS, o que atualmente não é uma realidada para praticamente ninguém no mundo.

Na apresentação, o Google também compara o perfil atual do Stadia, que segundo eles podem crescer indefinidamente ao longo do tempo, com os atuais melhores consoles da atualidade, mostrando que o potencial de processamento do Stadia é maior que os dois somados:

Comparação com PS4 PRO e XBOX One X

Reprodução: Google

Linux, Vulkan e parcerias

O sistema operacional por tráz do Stadia é o Linux, em conjunto a poderosa API gráfica Open Source, Vulkan. O Stadia já conta com o suporte de diversos parceiros importantes do mercado, além da própria Ubisoft e da id Software, desenvolvedora do Doom, que inclusive anunciou que o novo título da franquia estará no Stadia, rodando Linux, em Vulkan, chamado de “Doom: Eternal”.

Linux e Vulkan Stadia
Linux e Vulkan são a base do Stadia

Essa combinação de tecnologias permitira que o nível de jogos multiplayer chegue a “outro nível”, segundo a empresa. 

Se hoje existem vários empecílhos técnicos que impedem partidas com muitos players com uma grande qualidade, com o Stadia, você poderá jogar Fortnite no seu Chromecast em 4K, 60 FPS com milhares de pessoas ao mesmo tempo em um cenário super otimista.

* Fortnite é só um exemplo, nada foi confirmado, ainda que a Unreal Engine faça parte do projeto.

Parceiros do Stadia
Parceiros do projeto atualmente

No painel de apoiadores atuais do projeto, podemos ver outros nomes muito importantes, como Unity Engine, CryEngine, Havok, Visual Studio e entro vários outros (vide imagem acima), temos a AMD, que foi responsável por construir um processador  especial para este início de projeto.

Com essas combinações de tecnologia e com os gamers fazendo acessos direto ao servidor, acaba-se (praticamente) com qualquer possibilidade de hacking ou cheating, visto que nada será rodado diretamente na máquina dos jogadores.

Stadia Controller, muito mais que um controle próprio

No anúncio, o pessoal da Google comentou que será possível usar os controles que todas as pessoas possuem em casa para rodar tais games, incluindo teclado e mouse, entretanto, a empresa também apresentou o “Stadia Controller”, um controle que funciona, literalmente, sem um console.

Controle do Stadia
Stadia Controller

Com um design que parece uma mescla conceitos de Xbox e PlayStation, o Stadia Controller nem sequer precisa se conectar ao seu computador via rede ou BT, ele simplesmente acessa a internet e se conecta ao servidor da Google, permitindo que vocẽ use o mesmo controle para jogar em um Smartphone, numa TV com Chromecast, num TVBox, em um laptop (independente do sistema operacional), etc.

A ideia é que o controle “entenda” onde você está querendo jogar e simplesmente funcione. Parece mágica, tô sabendo… Isso eliminaria, por exemplo, a necessidade de ficar pareando o seu controle com todos os dispositivos que você quer jogar, além disso, o controle também permite que você compartilhe a sua gameplay automaticamente no YouTube através de uma live ou vídeo pelo simples toque de um botão, todo o processamento da live, gravação, etc; seria processado diretamente nos mesmos servidores do YouTube e da Google com baixíssima latência.

O controle também tem um botão com o Google Assistent, que pode ser usado em conjunto com um microfone contido nele para dar comandos aos jogos (quando algum game for programado para tal), ou para simplesmente dar comandos ao seu Android, Chromebook ou Chromecast.

Stadia Gaming & Enterteinment 

Outro ponto interessante é que a Google anunciou uma divisão do Stadia que será responsável por títulos exclusivos da plataforma, o Stadia Gaming & Enterteinment, fazendo com que a empresa também entre no mercado de produção de jogos. Com essa nova atividade, foi chamada para o cargo de CEO da divisão de criação de games, Jade Raymond, ex-EA Games e Ubisoft.

Jade Raymond, Stadia Google
Jade Raymond, Stadia.

Integração com YouTube e outras mídias

A apresentação possuia claramente três públicos alvo, os desenvolvedores de games, os gamers em si, e as pessoas que gostam de assistir a gameplays. Como se trata de um serviço em nuvem, com o Stadia será possível criar links para compartilhar os jogos facilmente.

A internet é a sua loja

O Stadia promete resolver um problema que estamos tão habituados que nem consideramos mais um problema, a demora entre decidir comprar um jogo e efetivamente jogar.

 Tome como exemplo:

Você está interessado por um título qualquer, vê um gameplay dele para ver se o game se parece com o que você gostaria de jogar no YouTube, ou simplesmente vê o trailer do jogo e decide comprá-lo. Você sai do YouTube e vai até um outro site ou loja, compra o game, aguarda o download. Depois de algumas horas, ou com sorte, alguns minutos, você começa a jogar o game na melhor qualidade que o seu computador ou console suportar.

Com o Stadia você poderá sair de um vídeo já com o link para uma demo do game que irá roda diretamente no seu navegador, o que torna a vida dos anunciantes e desenvolvedores mais fácil também.

Se você gosta de fazer lives, como a gente,  jogando com os amigos, uma das possibilidades do Stadia é poder compartilhar um link instatâneo para partidas multiplayer dos games no chat das suas lives no YouTube, permitindo que o seu público se conecte com você quase que instantaneamente.

Para quem é desenvolvedor, isso significa fazer um único game, com um único código e rodá-lo em qualquer plataforma através do Chrome e similares. A Google comenta que é possível que no futuro o serviço suporte outros navegadores também, o que nos faz pensar que a Microsoft ter mudado a base do Edge acaba tornando a vida deles mais fácil em caso de necessidade de compatibilização. 

Google e Open Source

Como podemos observar, a grande base dessa nova tecnologia reside no Open Source. No blog de desenvolvedores do Stadia, Dov Zimring, diretor da plataforma, comentou o seguinte:

” A Google acredita que o Open Source é bom para todos. Ele permite e encoraja a colaboração e o desenvolvimento de tecnologia, resolvendo problemas do mundo real. Isso é especialmente verdade no Stadia, nós acreditamos que uma comunidade de desenvolvedores de games tem uma longa história com colaboratividade, inovação e compartilhamento. Estamos investindo em tecnologia de código aberto para criar a melhor plataforma para os desenvolvedores, em parceria com as pessoas que a usam.

Isso começa com as fundações da nossa plataforma, que são o Linux e o Vulkan, e extendem-se até a nossa seleção de GPUs, que possuem drivers e ferramentas open source. Estamos integrando o LLVM e o DirectX Shader Compiler para garantir que grande performance para os nossos compiladores e debuggers. As maiores novidades no ramo de ferramentas gráficas são itens críticos para desenvolvedores de jogos, e nós estamos felizes em contribuir com o RenderDoc, GAPID e com o Radeon GPU Profiler, parte da melhor qualidade dos produtos de código aberto voltados para o meio de gráficos.”

Desafios, quando e como?

A pergunta mais natural e inevitável de um serviço tão promissor como este é: Quando estará disponível ao público? 

A Google informa que este projeto vem sendo trabalhado há alguns anos e ele estará em funcionamento ainda em 2019 na Europa, Canadá e Estados Unidos. Não há previsões para o Brasil, como sempre.

Certamente outra questão a ser considerada é a infraestrutura de conexão com a internet. Toda vez que falamos sobre streaming de qualquer coisa, especialmente de games, esbarramos nessa questão.

Definitivamente isso é um ponto chave, mas a Google informa na apresentação a sua presença em centenas de países com data centers de alta qualidade, potência e velocidade para atender tal demanda, sendo algo que “somente eles podem fazer”. 

Realmente a sua conexão com a internet será importante, mas é possível que os requisitos finais sejam muito menores que os atuais, especialmente para games single player.

Por outro lado, pense que você que atualmente usa basicamente o PC para games, poderá deixar de gastar muito dinheiro em placas de vídeo e muita RAM para investir  numa boa internet e quem sabe um upgrade de placa de rede. 😁

Naturalmente um serviço como este não vai ter uma adesão incrível em pouquíssimo tempo, mas parece que este é realmente o futuro dos jogos,  começando a ser uma questão de tempo para que isso se torne viável a todos, sejam com serviços da Google ou não. 

A maior diferença que vemos em relação ao Stadia com outras soluções como Steam Link, Nvidia GeForce Now, Parsec e outros, é que a Google não só lança uma nova tecnologia eficiente, como também um amplo plano de negócios, integrado a diversos outros produtos e plataformas, além de várias parcerias com grandes do mercado.

Para os interessados em desenvolver para o Stadia, a Google criou um site para projeto, onde há maiores explicações.

Não houve explicações sobre como o Stadia vai funcionar em relação aos consumidores, se será um serviço pago mensalmente ou se será algo vendido por títulos, como são os games da Google Play por exemplo, mas algo me diz que em breve descobriremos.

E você, acha que o novo projeto de plataforma de jogos da Google decola?

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