Em todo lançamento do Ubuntu, ficamos curiosos para ver o que a Canonical vai aprontar. E não nos decepcionamos, mantemos as expectativas baixas, e o lado bom é que isso abre margem para surpresas. Hoje vamos conferir juntos o novo Ubuntu 23.04 Lunar Lobster, o que tem de novo, o que tem de bom, e o que tem de ruim, incluindo benchmarks para comparar as últimas 3 versões do Ubuntu, além disso, veremos se realmente tem alguma evolução e refletiremos se este tipo de lançamento ainda faz sentido.

O que tem de novo no Ubuntu 23.04?

O Ubuntu 23.04 Lunar Lobster é a versão mais recente, com tempo de suporte de 9 meses, daquelas lançadas entre duas versões LTS, que são as versões do Ubuntu com pelo menos 5 anos de suporte a atualizações de segurança. A LTS mais recente é a 22.04, lançada em 2022, e a próxima LTS será a 24.04, que sai somente em Abril do próximo ano.

Não ser LTS significa que essas versões intermediárias do Ubuntu tendem a trazer mais novidades, especialmente em relação à tecnologia utilizada no sistema, é o momento para testar coisas novas que se forem boas e estáveis, farão parte da próxima LTS. O Ubuntu 23.04 Lunar Lobster traz uma excelente novidade, um novo instalador.

Novo instalador do Ubuntu

Finalmente o antigo Ubiquity está sendo deixado de lado para dar lugar a um instalador moderno, feito com tecnologias mais populares atualmente, afinal, o novo instalador do Ubuntu é feito em Flutter. Ele tem basicamente os mesmos recursos do instalador antigo, com um código muito mais novo e visualmente mais agradável, além de permitir algumas outras coisas no futuro, como a opção de reparar uma instalação já existente.

Novidades nos Snaps

Os Snaps estão muito melhores do que há 1 ou 2 anos, em geral eles funcionam bem, inclusive a versão Snap do Firefox está iniciando muito mais rápido. A própria loja de apps é um Snap também, ela é feita sobre a GNOME Software, e é meio bugada, como não chega a ser uma novidade. A nova Snap Store, também feita em flutter, ainda não chegou no sistema, mas como snaps atualizam de forma independente do restante, basta eles quererem para ela chegar.

A aba atualizações da loja é um tanto inútil, ela só mostra atualizações dos Snaps, não do restante do sistema. O sistema como um todo, incluindo outros pacotes .deb que você tenha instalado, só são atualizados através do “atualizador de programas”.

Na Snap Store temos apenas snaps, e eles são são atualizados automaticamente, sem que você tenha a opção de desabilitar isso de uma forma que não envolva gambiarra, logo, essa aba de atualizações não serve realmente para nada, a menos que você queira atualizar algum snap antes do próprio sistema fazer isso, é literalmente a única função.

Pelo lado bom, a Snapstore também oferece acesso a vários aplicativos diferentes, muitos deles sendo as versões oficiais feitas pelos desenvolvedores, ao contrário do que ocorre com o Flathub algumas vezes. Ainda assim, falta uma curadoria, tem muitos apps sem ícones, com descrições com uma linha, ou links quebrados.

Kernel e GNOME

Rodando sobre o Kernel 6.2 e o Mesa 23.0.2 com o Wayland por padrão, o Ubuntu 23.04 Lunar Lobster traz o GNOME 44 como interface, claro, com algumas modificações feitas pela Canonical, especialmente a Dock do lado esquerdo, uma tray e um desktop ativos, 3 coisas que o GNOME 44 padrão não faz.

Como a nova função função de apps em background do GNOME só funciona com flatpaks, os Snaps não conseguem tirar o mesmo proveito, mas tanto com a função de apps no background, quanto com tray completa, como o Ubuntu oferece, você consegue fazer as mesmas coisas.

Outra coisa interessante que temos no Ubuntu, mas não em outras distros que usam o mesmo GNOME, ao menos, não por enquanto, é a função de accent colors. Isso é algo que deve chegar na próxima versão do GNOME, a 45.

Desempenho do Ubuntu 23.04

Para começo de conversa, no nosso teste renderizando cenas no Blender, o novo Ubuntu chegou fazendo feio, conseguindo rebaixar o nível em relação a todos os resultados das versões anteriores, ficando em último lugar em um dos testes, entre dezenas de distribuições e sistemas.

Mas ainda bem que a bateria de testes envolve mais fatores, não dá para tirar conclusões precipitadas, se no Blender o novo Ubuntu não foi bem, no teste da Unigine Superposition, tivemos o segundo melhor resultado histórico do teste, finalmente deixando o Windows 10 para traz, sendo a melhor distro Linux até então nesse quesito.

No teste com geekbench, a decepção voltou, já que tivemos uma piora, tanto em single core, quanto em multicore, kernel LTS for the win, pelo visto.

Com o Firefox, tivemos sim uma melhora, as otimizações do Snap do navegador já tinham sido notadas na versão anterior, e agora tivemos uma nova boa nota, porém, provavelmente com as atualizações, o Ubuntu 22.04 LTS também teria um desempenho parecido.

Já no teste de Counter Strike, o Ubuntu 23.04 também teve a pior nota das últimas 3 versões, Tomb Raider não rodou no sistema, o jogo abria e quebrava, então, não foi possível fazer o teste. Em Universe Sandbox, uma nova melhor, 69, superando as edições anteriores.

Vale a pena atualizar para o Ubuntu 23.04?

Dessa vez vamos abrir uma exceção ao “depende” e diremos que não vale a pena atualizar para essa versão do Ubuntu. Com ele, você terá o novo GNOME, junto com algumas coisas bem legais, mas o restante do sistema está muito pouco maduro, apresenta diversos bugs e a Snap Store atual é irritante, some isso ao fato de não ser uma LTS. Você realmente tem poucos motivos para migrar para essa versão, não é como se ela tivesse muitos recursos extras que a LTS não tinha.

A única circunstância viável para o upgrade é o caso de você usar o Ubuntu 22.10, nesse caso, eu diria para aguardar um mês, e depois fazer a atualização, caso contrário, ali por junho ou julho você deve ficar sem updates de segurança.

Outro motivo para atualizar é talvez você querer testar, mas provavelmente nenhuma empresa vai usar isso no desktop, muito menos em servidores, onde as versões LTS predominam. Será que ainda vale a pena para Canonical ficar lançando um Ubuntu novo a cada 6 meses e uma LTS nova a cada 2 anos?

Isso ocorre praticamente há 20 anos, é uma tradição, é uma forma de pelo menos duas vezes por ano a mídia falar um pouco do Ubuntu, talvez esse seja o ponto mais positivo. A gente sabe que a versão LTS é o que realmente vale a pena, essas intermediárias servem para testar coisas, são como se fossem Betas da versão LTS, que parte do público ajuda a testar e identificar problemas.

Mas diferente de um beta de verdade, eles não podem colocar softwares Beta aqui, porque esse é um lançamento “de verdade”, uma release final, e software beta não pode fazer parte de um produto assim.

Muitas distros baseadas no Ubuntu só usam versões LTS, como o Linux Mint, o Zorin OS, o Pop!_OS estacionou numa LTS também por enquanto, e todos eles vão indo bem.

Se a Canonical dissesse, “olha, o Ubuntu vai ser lançado a cada dois anos, e durante esse período tem um Beta 1 e um Beta 2”, eles poderiam testar muito mais coisas, até porque ninguém usa essas versões para nada sério realmente.

Lançar nesse regime de 6 em 6 meses, fingindo que não é um Beta, só coloca pressão no time que não tem tempo para testar e desenvolver coisas para o sistema propriamente, mas enfim, essa é só uma opinião, você pode comentar e interagir com o nosso fórum Diolinux Plus, sobre o que você pensa de tudo isso e o que achou da nova versão do Ubuntu.