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Canonical anuncia que o Ubuntu 18.04 LTS usará o X.org por padrão

Muitas pessoas pediram pra que eu comentasse esse assunto nos últimos dias. Por conta da minha participação na Campus Party 11, em São Paulo, eu acabei ficando sem tanto tempo pra escrever aqui no blog e os vídeos da semana do canal já tinham sido agendados. Agora que eu consegui um tempinho, vamos dissertar sobre essa questão do Ubuntu 18.04 LTS voltar ao X.org.

O próximo lançamento do Ubuntu será feito em Abril, esta será uma versão especial pois será a primeira LTS a voltar ao GNOME Shell como interface e, como toda a LTS, terá um suporte estendido de 5 anos.

Só para confirmar a minha qualidade de “palpiteiro”, eu comentei exatamente sobre essa questão do Ubuntu 18.04 LTS utilizar o X.org ao invés do Wayland em uma das lives do canal no início deste ano, de modo que essa mudança me pareceu normal. Surpresa para mim seria eles manterem o Wayland.

No dia 7 de Janeiro, juntamente com outros youtubers e canais, estávamos comentando sobre o que era esperado para 2018 no mundo Linux e falamos justamente sobre esse assunto X.org vs Wayland. A minha projeção sobre o assunto acontece aos 11 minutos e 20 segundos e vai até 12 minutos e 41 segundos.

A live em si durou mais de duas horas, se você quiser assistir a um compacto de 20 minutos clique aqui.

Pra não ficar só no “eu disse…”

Acho que vale a pena comentar os motivos disso acontecer. Versões LTS do Ubuntu são voltadas para os clientes da Canonical. Essas versões com longo tempo de suporte são as que as empresas e instituições geralmente implementam em seus parques, justamente por não precisar reinstalar o sistema por completo durante um longo período e ainda receber as atualizações de segurança e correções de bugs normalmente.

Essa versão costuma ser a mais estável dos lançamentos do Ubuntu, com pacotes mais testados. Para ser ter uma ideia, as versões LTS do Ubuntu são baseadas em Snapshots dos pacotes do Debian Testing, enquanto a versões intermediárias, como a 17.10 e a futura 18.10, usam pacotes da vertente Unstable do Debian.

Só com essas informações você já deve estar deduzindo o que aconteceu. 

Apesar do Wayland já ser funcional para muitas coisas, ele ainda não consegue ser plenamente funcional em todas as circunstâncias, seja isso um ônus sobre o projeto ou não, visto que por exemplo, o suporte para drivers de vídeo proprietários ainda é precário.

Já imaginou instalar o novo (e brilhante) Ubuntu 18.04 LTS Bionic Beaver na sua (mais brilhante ainda) GTX 1080 Ti e ela não funcionar por conta do Wayland?

É exatamente este tipo de situação que a Canonical quer evitar. O X.org, apesar de precisar de um sucessor, ainda é “um senhor” muito eficaz no que se propõe a fazer e muito estável, logo, é de se esperar que ele seja o padrão na versão que quer entregar estabilidade e funcionalidade, onde a GTX 1080 Ti vai funcionar com toda a sua potência.

Versões intermediárias são de testes!

Bote isso na sua cabeça para não confundir. As versões intermediárias do Ubuntu são aquelas onde as novas tecnologias são testadas, como o Wayland padrão no 17.10.

Versões intermediárias são onde novas formas de fazer as coisas e novos pacotes são colocados em contato com o público. Desse “bolo” todo, o que realmente funcionar vai incorporar as próximas LTS. 

No 17.10 com o Wayland como padrão do Ubuntu, chegaram a conclusão de que é melhor, por questão de estabilidade e principalmente compatibilidade, ficar com X.org.

Mas eu não culpo você por se confundir, a Canonical costuma anunciar as versões intermediárias como “versões estáveis” para o público. O que eu humildemente discordo.

Muitas vezes elas são estáveis, mas ainda assim são muito menos do que as versões LTS. Na minha opinião a Canonical deveria fazer o que outras distros famosas que baseiam no Ubuntu já fazem. 

O sistema “atual” é o LTS, como fazem Linux Mint e elementary OS que mantém todo seu ciclo de desenvolvimento sobre essa vertente.

As ISOs intermediárias poderiam ser lançadas da mesma forma que são hoje (na verdade existem até construções diárias dessas ISOs) para que as pessoas interessadas em ajudar a reportar bugs possam testar os alphas e betas do Ubuntu.

Seria algo como:

྾ 17.04 -. 18.04 Alpha

྾ 17.10 -> 18.04 Beta

྾ 18.04 LTS – Versão final

Talvez isso colocasse a ideia geral para o público. Conta aí nos comentários o que você acha sobre isso.

Wayland não morreu

O Wayland não “morreu” só porque a LTS do Ubuntu não vai usá-lo como padrão, aliás, muito provavelmente ele estará lá na tela de login como opção para quem quiser usar. 

Notícias como estas fazem que a “galera da conspiração” comece a fazer o seu trabalho. Vi alguns comentando algo como: “O Wayland não deu certo”, “Wayland foi abandonado”, etc, etc.

Você pode acompanhar o desenvolvimento do Wayland e ter informações sobre o seu estágio atual e desenvolvimento pelo próprio site oficial do projeto, de modo que você pode deixar de se basear em “achismos” alheios e ver o que realmente está acontecendo pelos seus próprios olhos.

Além disso, o Ubuntu não é a única distro que está testando o Wayland, e pra falar a verdade, a galera da “Ilha de Man” chegou até atrasada. O projeto Fedora vem testando Wayland como padrão há muito tempo já, mesmo que a Canonical deixasse de usar ele, muita gente ainda está lidando com essa ferramenta. As coisas vão bem além do Ubuntu, apesar de ele ser um dos “players” mais importantes para o mercado.

Assim como eu chutei corretamente a volta do 18.04 LTS para o X.org, vou me dar a oportunidade de dizer que é muito provável que no 18.10 o Wayland volte como padrão e o X.org vire a alternativa novamente. Sabe por quê? Porque as versões intermediárias são de testes e nada melhor do que testar o Wayland exaustivamente antes de colocá-lo como padrão em uma LTS. Esse jogo de “vai e vem” com Wayland e X.org entre LTS e versões “normais” do Ubuntu deve continuar até que o Wayland consiga ser o padrão definitivo.

Até a próxima!

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